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May 29, 2017

BACEN. BOLETIM FOCUS: RELATÓRIO SEMANAL DE MERCADO
(Projeções atualizadas semanalmente pelas 100 principais instituições financeiras que operam no Brasil, para os principais indicadores da economia brasileira)

ANÁLISE

BACEN. PORTAL G1. 29/05/2017. Após denúncias contra Temer, mercado vê inflação mais alta e PIB menor. Previsão para a inflação subiu de 3,92% para 3,95% em 2017, interrompendo 11 semanas de queda. Para o PIB, estimativa caiu de alta de 0,50% para 0,49%.
Por Alexandro Martello, G1, Brasília

O mercado financeiro começou a ajustar suas estimativas para a economia após as denúncias de executivos da JBS de que o presidente Michel Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. As previsões de inflação para 2017 e para 2018 subiram e as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) recuaram.
As expectativas dos analistas do mercado financeiro foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (29) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram ouvidas.
Para o comportamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 – a "inflação oficial" do país –, o mercado subiu sua previsão de 3,92% para 3,95%. Com isso, foi interrompida uma sequência de onze semanas de queda do indicador.
Mesmo assim, manteve-se a expectativa de que a inflação deste ano ficará abaixo da meta central para o ano, que é de 4,5%. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e deve ser perseguida pelo Banco Central, que, para alcançá-la, eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
A meta central de inflação não é atingida no Brasil desde 2009. À época, o país ainda sentia os efeitos da crise financeira internacional de forma mais intensa.
Pelo sistema vigente no Brasil, a meta de inflação é considerada formalmente cumprida quando o IPCA fica dentro do intervalo de tolerância também fixado pelo CMN. Para 2017, esse intervalo é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima do centro da meta. Assim, o BC terá cumprido a meta se o IPCA terminar este ano entre 3% e 6%.
No ano passado, a inflação ficou acima da meta central, mas dentro do intervalo definido pelo CMN. Já em 2015, a meta foi descumprida pelo BC – naquele ano, a inflação superou a barreira dos 10%.
Já para 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação avançou de 4,34% para 4,40%. O índice segue abaixo da meta central (que também é de 4,5%) e do teto de 6% fixado para o período.

Produto Interno Bruto

Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro reduziu sua estimativa de crescimento de 0,50% para 0,49%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Em 2016, o PIB brasileiro caiu pelo segundo ano seguido e confirmou a pior recessão da história do país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para 2018, os economistas das instituições financeiras baixaram sua estimativa de expansão da economia estável de 2,50% para 2,48%.

Taxa de juros

O mercado financeiro manteve sua previsão para a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 8,5% ao ano no fechamento de 2017. Ou seja, os analistas continuam estimando novas reduções de juros neste ano. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano.
Para o fechamento de 2018, a estimativa dos economistas dos bancos para a taxa Selic continuou em 8,5% ao ano. Com isso, estimaram que os juros ficarão estáveis no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. A instituição tem de calibrar os juros para atingir índices pré-determinados pelo sistema de metas de inflação brasileiro.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Entretanto, também prejudicam a economia e geram desemprego.

Câmbio, balança e investimentos

Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio do dólar no fim de 2017 subiu de R$ 3,23 para R$ 3,25. Para o fechamento de 2018, a previsão dos economistas para a moeda norte-americana avançou de R$ 3,36 para R$ 3,37.
No dia seguinte à divulgação das denúncias envolvendo Temer (18), a moeda norte-americana disparou e fechou na maior alta em 18 anos, subindo 8,15% e cotado a R$ 3,38. Depois, a divisa entrou em um movimento de ajuste, mas ainda terminou a semana passada com alta acumulada de 0,25%. Na última sexta-feira (26), o dólar fechou a R$ 3,26.
A projeção do boletim Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2017 subiu de US$ 56 bilhões para US$ 56,2 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit foi elevada de US$ 42,9 bilhões para US$ 43,1 bilhões.
A previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2017, recuou de US$ 79,5 bilhões para US$ 79 bilhões. Para 2018, a estimativa dos analistas permaneceu estável em US$ 78,75 bilhões.

Crise política

O presidente Michel Temer foi gravado por Joesley Batista, dono da JBS, supostamente dando aval para a compra o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Na conversa, o empresário ainda confessou que vinha usando juízes e um procurador da República para obter vantagens para suas empresas e Temer deu seu aval para seu nome fosse usado por Joesley para obter ajuda junto ao ministro da Fazenda.
A Procuradoria-Geral da República alega que Temer deu "anuência" para o pagamento de propina a Cunha e tentou impedir o avanço da Lava Jato. Ele será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.
Apesar de Temer já ter declarado que não irá renunciar, o escândalo colocou em cheque sua permanência no comando do país até 2018. O mercado teme que as reformas de que o país depende para sair da recessão, em especial a da Previdência, não sejam aprovadas caso a equipe econômica seja trocada.
Essa incerteza está refletida na piora dos indicadores para inflação e PIB divulgados no Focus.

BACEN. PORTAL UOL. 29/05/2017. Economistas projetam corte de 1 ponto porcentual da Selic na quarta, indica Focus
Fabrício de Castro
Brasília 

Os economistas do mercado financeiro projetam um corte de 1 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros da economia) no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina na próxima quarta-feira (31). É isso o que indica a abertura dos dados do Relatório de Mercado Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, 29.

A expectativa contida no Focus está em sintonia com a precificação do mercado de juros futuros. Na última sexta-feira, 26, os contratos de DI mostravam cerca de 82% de chances de a Selic ser reduzida em 1 ponto porcentual na próxima quarta-feira, de 11,25% para 10,25% ao ano. Outros 18% das apostas estavam voltadas para uma redução de 0,75 ponto porcentual.

Este cenário de corte de 1 ou 0,75 ponto destoa do que era visto há duas semanas no mercado de juros futuros, antes da delação de executivos da JBS colocar em dúvida a sustentação do governo Michel Temer. No início deste mês, algumas casas também alteraram suas projeções para a Selic e passaram a prever um corte de 1,25 ponto porcentual. Com a crise política, este movimento foi interrompido e muitos economistas voltaram a esperar por uma postura mais conservadora do Copom.

Outras projeções

Os economistas do Focus mantiveram suas projeções para a Selic no fim de 2017 e de 2018. O relatório aponta que a mediana das previsões para a Selic este ano seguiu em 8,50% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.

O relatório indicou ainda que a mediana das projeções dos economistas para a Selic no fim de 2018 permaneceu em 8,50% ao ano, igual ao projetado há um mês. O Copom anunciou mês passado corte de 1 ponto porcentual da Selic, para 11,25% ao ano, como esperado pelo mercado.

No relatório Focus desta segunda, a Selic média de 2017 foi de 10,19% para 10,28% ao ano. Há um mês, a mediana da taxa média projetada era de 10,28%. No caso de 2018, a Selic média seguiu em 8,50%. Quatro semanas antes, estava em 8,56%.

Para o grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo, a taxa básica terminará 2017 em 8,63% ao ano. Uma semana antes, estava em 8,13% e, há um mês, em 8,50%. O Top 5 manteve a projeção para a Selic no fim de 2018, de 8,00% ao ano. Há um mês, estava em 8,50%.

BACEN. REUTERS. 29/05/2017. Mercado espera corte de 1 p.p. da Selic agora; Top 5 vê juros mais altos no final do ano

SÃO PAULO (Reuters) - Economistas cravaram suas projeções na pesquisa Focus de que o Banco Central vai manter o ritmo de afrouxamento monetário nesta semana e cortar a Selic em 1 ponto percentual, o que a levará a 10,25 por cento ao ano, em meio à crise política que atinge o governo Michel Temer.

Neste cenário, mostrou ainda a pesquisa nesta segunda-feira, o Top 5 --grupo que mais acerta as projeções-- passou a ver que a taxa básica de juros vai fechar este ano maior, a 8,63 por cento no cenário de médio prazo. Na semana anterior, era esperado que ela iria a 8,13 por cento.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne nos próximos dias 30 e 31, na primeira reunião depois que eclodiu a crise política que atingiu em cheio o presidente Temer, que é alvo de inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A Selic está em 11,25 por cento ao ano, após dois cortes de 0,25 ponto cada, dois de 0,75 ponto e um de 1 ponto. Com a inflação perdendo força, boa parte dos agentes econômicos apostava que o BC aceleraria o passo e cortaria os juros em 1,25 ponto.

Mas esse cenário foi varrido com os temores de que os problemas envolvendo o governo possam atrasar as reformas, sobretudo a da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.

A pesquisa Focus mostrou ainda que as projeções são de que o IPCA fechará este ano com alta de 3,95 por cento, frente a 3,92 por cento na semana anterior. Para 2018, as contas são de alta de 4,40 por cento, sobre 4,34 por cento. Em ambos os casos, o indicador ficaria abaixo do centro da meta oficial, de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), as estimativas são de crescimento de 0,49 por cento neste ano, sobre 0,50 por cento antes, e de 2,48 por cento em 2018, também ligeiramente abaixo dos 2,50 por cento esperados até então.

(Por Patrícia Duarte)

BACEN. AGÊNCIA ESTADO. 28/05/2017. Copom decide sobre juros e IBGE divulga PIB nesta semana. Enquanto mercado espera por corte de 1 ponto porcentual na Selic, analistas contam com ligeira expansão na atividade econômica no 1º trimestre do ano. Expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) promova corta de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros
O Estado de S.Paulo

Para além dos desdobramentos da crise política em Brasília, o mercado e os analistas ficarão de olho, nesta semana que se inicia, em dois fatos econômicos: a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa básica de juros (Selic), na quarta-feira, 31, e a divulgação do IBGE do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre, marcada para acontecer na quinta-feira, 1º de junho.

No mercado futuro de juros, as apostas majoritárias são de que o Copom promoverá um corte de 1 ponto porcentual na taxa básica, hoje de 11,25% ao ano. A expectativa é anterior à divulgação da delação dos irmãos Batistas, controladores da JBS, que causou um rebuliço na economia e ampliou as dúvidas dos investidores, locais e internacionais, a respeito do futuro do País.

A grande dúvida é como o Copom vai reagir a toda essa imprevisibilidade, verbalizada sobretudo pela decisão da agência de classificação de risco Moody's, que na sexta-feira, 26, alterou a perspectiva da nota de crédito do Brasil, atualmente Ba2, de estável para negativa. Mais cedo, na segunda-feira, 22, a S&P tinha colocado o rating do País em atenção para rebaixamento, motivado por uma "maior probabilidade de um atraso na recuperação econômica".

PIB

Também serão conhecidos na quinta-feira, 1º de junho,os dados sobre desemprego no País até abril e, sobretudo, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre do ano.

Analistas esperam que o PIB traga uma ligeira expansão da atividade econômica no período, na comparação com os três meses anteriores, puxada em boa medida pelo forte desempenho do setor agropecuário.

Em relação a igual período de 2016, porém, o resultado pode ser de queda. E há dúvidas no mercado sobre se o dado indicará uma trajetória de recuperação firme.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, por sua vez, reforçou na sexta-feira, 26, expectativa de crescimento de 0,5% na comparação do primeiro trimestre com igual trimestre de 2016.


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INDICADORES/INDICATORS




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MF. 26/05/2017. Moody’s altera perspectiva da nota de risco soberano do Brasil para negativa

A Agência de classificação de risco Moody’s alterou hoje a perspectiva da nota de risco soberano do Brasil de estável para negativa, mantendo a nota de crédito do país em moeda estrangeira em “Ba2”.

Segundo a Agência, essa alteração é resultado do aumento da incerteza relacionada aos eventos políticos recentes, que podem comprometer a agenda de reformas do governo, afetando negativamente o ambiente de negócios e a recuperação econômica do Brasil.

No relatório, a Agência destaca o tamanho e a diversidade da economia brasileira, bem como a sua baixa vulnerabilidade externa como pontos fortes do Brasil. Reconhece, ainda, a importância dos avanços recentes, como a implementação de um teto para os gastos primários e a promoção das discussões relacionadas à reforma da previdência. Esta reforma é considerada fundamental para a sustentabilidade fiscal de médio prazo.

Ainda segundo a Agência, a perspectiva da nota de crédito poderá melhorar com a solução da crise política e a aprovação da agenda de reformas fiscais, sobretudo a da previdência, ainda neste ano.

O Ministério da Fazenda reafirma o seu compromisso com a continuidade da implementação da agenda de reformas estruturais necessárias à recuperação econômica. Nesse sentido, destaca os resultados positivos obtidos por meio da manutenção de intenso diálogo e coordenação com o Congresso Nacional, sinalizando o empenho para alcance da estabilidade da política econômica.

MOODY'S. PORTAL UOL. 26/05/2017. Agência Moody's piora perspectiva de nota do Brasil e cita crise política
Do UOL, em São Paulo
Mike Segar/Reuters

A agência de classificação de riscos Moody's piorou nesta sexta-feira (26) a perspectiva da nota do Brasil de estável para negativa. Isso significa que a classificação da dívida pública brasileira corre o risco de ser rebaixada a qualquer momento.

A mudança acontece pouco mais de dois meses após a agência ter melhorado a perspectiva brasileira de negativa para estável.

A nota de crédito ("Ba2") não foi alterada, e o país continua sem o "grau de investimento", uma espécie de selo de bom pagador. Isso indica que ainda não é considerado um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro porque tem um alto risco de dar calote.

De acordo com comunicado da agência, a piora na perspectiva da nota do país foi motivada por "aumento de incerteza com as reformas após recente crise política". Além disso, a Moody's também cita uma "ameaça à recuperação econômica a médio prazo" como motivação para a decisão.

A crise do governo Temer estourou na semana passada, com a revelação da delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, que gravou uma conversa com o presidente. A partir de então, Temer virou alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.

Após a decisão da Moody's, o ministério da Fazenda informou, em nota, que reafirma seu compromisso com a continuidade da implementação da agenda de reformas estruturais necessárias à recuperação econômica. A Fazenda afirmou, ainda, que mantém "intenso diálogo e coordenação com o Congresso Nacional, sinalizando o empenho para alcance da estabilidade da política econômica".

Segunda piora em uma semana

Com a piora na perspectiva, a Moody's acompanha a decisão de outra agência de risco. Na segunda-feira (22), S&P Global Ratings anunciou que colocou a nota de crédito brasileira em revisão para possível rebaixamento nos próximos três meses.

A decisão também foi baseada no quadro de elevação da incerteza política. Pela escala da S&P, a nota de crédito do Brasil está hoje em "BB" com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado "selo de bom pagador". Um novo rebaixamento levaria a nota do Brasil para três degraus abaixo no grau de investimento.

Avaliação indica risco de calote

Um governo ou empresa consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo ou empresa tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e é preciso pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.

O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país ou empresa terão risco próximo a zero.




Agências falharam na crise de 2008/2009

A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.

Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

(Com Reuters)


BANCO MUNDIAL. DOWJONES. PORTAL UOL. 29/05/2017. Banco Mundial corta projeção de PIB da Índia nos 12 meses até março passado
Nova Délhi 

O Banco Mundial rebaixou sua estimativa para o crescimento econômico da Índia no mais recente ano fiscal, encerrado em março, de 7% para 6,8%. O período ficou marcado pela surpreendente decisão do primeiro-ministro Narendra Modi de agir em novembro para cancelar a validade de todas as cédulas de rupias de alto valor, a fim de combater a evasão fiscal e outros crimes.

A decisão política teve como resultado um corte nos gastos das famílias. As companhias mandaram funcionários para casa e adiaram investimentos. Ainda assim, preocupações iniciais de que a política tivesse gerado uma freada brusca na economia foram exageradas, segundo Frederico Gil Sander, economista sênior do Banco Mundial concentrado em Índia. Como as pessoas sabiam que a restrição às cédulas seria temporária, os lojistas venderam produtos a crédito e os fornecedores deram às empresas mais espaço para atrasar pagamentos. "Acontece que os indianos precisam muito menos de cédulas do que no passado", afirmou Sander.

O Banco Mundial projeta que o crescimento do PIB indiano se recupere para 7,2% no atual ano fiscal e avance a 7,7% no próximo.

FGV. IBRE. 29/05/2017. Confiança da Indústria avança e atinge maior nível desde maio de 2014

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas avançou 1,1 ponto em maio de 2017, para 92,3 pontos, maior nível desde abril de 2014 (97,0 pontos).

“Apesar de a confiança industrial continuar avançando em maio, os resultados da Sondagem ainda indicam insatisfação do setor com o momento presente e manutenção de elevados níveis de ociosidade. As expectativas do setor são um pouco mais favoráveis. Ainda assim, combinam, no momento, uma calibragem para baixo das perspectivas para o ambiente de negócios e para o total de pessoal ocupado no setor com previsão de aceleração da produção no curto prazo”, afirma Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria da FGV/IBRE.

Melhora da confiança ainda conduzida pelas expectativas

A alta da confiança aconteceu em pouco menos da metade dos segmentos industriais (8 em 19) e atingiu tanto as expectativas quanto as percepções sobre a situação atual. O Índice de Expectativas (IE) avançou 1,3 ponto, para 95,7 pontos, o maior nível desde abril de 2014 (96,9); em trajetória mais suave, o Índice da Situação Atual (ISA) subiu 0,7 ponto, para 89,0 pontos.

A melhora das expectativas com a evolução da produção foi a responsável pela alta do IE no mês. O indicador de produção prevista para os três meses seguintes subiu 5,8 pontos, para 99,0 pontos, o maior nível desde março de 2014 (99,4). Houve aumento da proporção de empresas prevendo produção maior, de 32,1% para 34,7% do total, e queda na das que preveem produção menor, de 22,8% para 18,4% do total.

As melhores avaliações do setor sobre a demanda determinaram a alta do ISA em maio. O indicador de nível de demanda subiu 4,7 pontos, para 87,6 pontos, o maior nível desde julho de 2014 (88,3). O resultado sucede queda de 1,0 ponto no mês anterior, quando o indicador foi o principal componente a influenciar negativamente o ISA. Houve redução da parcela de empresas que avaliam o nível de demanda como forte entre abril e maio, de 8,3% para 7,7% do total, e também redução, em maior magnitude, da parcela dos que o consideram fraco, de 45,7% para 31,3% do total.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) permaneceu estável em 74,7% entre abril e maio. O resultado é reforçado pela relativa estabilidade - avanço de 0,1 ponto percentual - do NUCI na métrica de médias móveis trimestrais, em 74,6%.

A edição de maio de 2017 coletou informações de 1.130 empresas entre os dias 02 e 24 deste mês.

DOCUMENTO: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880972283E1AA0122841CE9191DD3&lumItemId=8A7C82C5593FD36B015C53C13D9E284E

G7. REUTERS. 27/05/2017. Líderes do G7 encerram reunião divididos sobre mudança climática, mas unidos em comércio
Por Giselda Vagnoni e John Irish

TAORMINA, Itália (Reuters) - Sob pressão de aliados, o presidente norte-americano, Donald Trump, apoiou uma promessa de combater o protecionismo neste sábado, mas se recusou a endossar um acordo global sobre mudança climática, afirmando precisar de mais tempo para decidir.

A reunião do G7 opôs Trump e líderes da Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Canadá e Japão em diversas questões, com diplomatas europeus frustrados em ter que revisitar questões as quais esperavam estar resolvidas há muito tempo.

Trump, que havia chamado o aquecimento global de embuste anteriormente, tuitou que tomaria uma decisão na próxima semana sobre se apoia ou não o Acordo de Paris de 2015 sobre reduzir as emissões de carbono após longas discussões com parceiros do G7.

"Toda a discussão sobre clima foi muito difícil, para não dizer muito insatisfatória", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, a jornalistas. "Não há indicações sobre se os Estados Unidos ficarão no Acordo de Paris ou não."

No entanto, houve alívio por Trump ter concordado com a linguagem no comunicado final do G7 que promete combater o protecionismo e se compromete com um sistema de comércio internacional baseado em regras.

Durante sua campanha eleitoral no ano passado, Trump ameaçou tarifar unilateralmente bens mexicanos e chineses e afirmou que sairia do acordo de livre comércio da América do Norte a não ser que fosse renegociado a seu gosto. Nesta semana ele chamou a Alemanha de "muito ruim" em comércio por conta de seu superávit com os Estados Unidos.

"No fim nós os convencemos a incluir o combate ao protecionismo no comunicado final, então este foi um passo adiante", disse um diplomata europeu, que não quis ser identificado.

Em encontro em um hotel luxuoso com vista para o Mar Mediterrâneo, a anfitriã Itália esperava que a reunião focasse na crise de imigração europeia e nos problemas da vizinha África.

As divisões internas do G7 e o ataque suicida na Grã-Bretanha na segunda-feira, que matou 22 pessoas, ofuscaram a agenda italiana, mas no sábado cinco líderes africanos se juntaram aos líderes das potências mundiais para discutir o potencial de seu continente.

O presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, pediu ao G7 que adotasse medidas urgentes para encerrar a crise na Líbia --ponto de saída de centenas de milhares de migrantes em busca de uma vida melhor na Europa. Ele também os criticou por não honrar as promessas de ajuda para combater a pobreza nas regiões mais pobres da África Ocidental.

(Reportagem adicional de Steve Holland, Giselda Vagnoni, John Irish, Andrea Rinke e Noah Barkin)

G7. REUTERS. 27/05/2017. G7 admite em comunicado divergência com EUA sobre clima

TAORMINA, Itália (Reuters) - Em uma admissão incomum, os líderes do G7 disseram em seu comunicado final no sábado que não conseguiram eliminar as divergências sobre a mudança climática, com os Estados Unidos incapazes de se unir aos demais países para se comprometerem com o Acordo de Paris.

"Os Estados Unidos da América estão em processo de revisão de suas políticas sobre mudanças climáticas e sobre o Acordo de Paris e, portanto, não estão em posição de se unir ao consenso sobre esses temas", afirma o comunicado.

"Compreendendo este processo, os chefes de Estado e de governo do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido e os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia reafirmam o seu forte empenho em implementar rapidamente o Acordo de Paris."

(Reportagem de Noah Barkin)

COMUNICADO FINALhttp://www.g7italy.it/sites/default/files/documents/G7%20Taormina%20Leaders%27%20Communique_27052017_0.pdf


IPEA. 26/05/2017. Desaceleração da alta de preços dos alimentos alivia a inflação. Seção da Carta de Conjuntura do Ipea lançada nesta sexta-feira, 26, aponta que os alimentos devem manter comportamento favorável até o fim do ano

Nos últimos 12 meses encerrados em maio, a alta dos preços dos alimentos no domicílio medida pelo IPCA-15 foi de 1,8%, desacelerando fortemente quando comparada ao desempenho nesse mesmo período de 2016 (15,5%). Segundo a seção de inflação da Carta de Conjuntura nº 35, lançada hoje pelo Ipea, ainda que a partir do terceiro trimestre deste ano haja alguma elevação de preços administrados por conta de reajustes de tarifas públicas e uma leve aceleração dos preços de alimentos, esses dois movimentos não serão fortes o suficiente para pressionar o IPCA. Até o fim do ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo não deve sofrer alterações significativas em relação à última previsão feita em 30 de março pela Carta, que era de 3,8%.

Este quadro de alívio inflacionário é possibilitado pela combinação de uma série de fatores que incluem desde o fim dos efeitos da recomposição de preços administrados e do choque de preços dos alimentos, até a manutenção do câmbio em patamar favorável. Outras razões são o baixo dinamismo da demanda interna e o aumento da credibilidade do Banco Central, que parece ter ampliado a capacidade de ancoragem das expectativas de inflação.

Embora esperada, a trajetória de queda dos preços dos alimentos ao longo de 2017 vem surpreendendo positivamente, dada sua intensidade. Para o restante do ano, de acordo com a análise assinada pela técnica de planejamento e pesquisa do Ipea Maria Andreia Parente, a expectativa é de que os alimentos mantenham esse comportamento mais favorável. Isso porque as projeções de safra em 2017 indicam uma expansão de 26% em relação à de 2016, com destaque para o aumento da produção de itens importantes, como feijão e milho.

O texto também afirma que o desempenho da inflação até o fim do ano estará condicionado ao comportamento da taxa de câmbio, que pode sofrer impactos do ambiente de incerteza política. Já o mercado de trabalho, por conta de seu baixo dinamismo, deve contribuir para impedir uma aceleração mais forte dos preços livres, em especial dos serviços e dos bens de consumo.

Carta de Conjuntura: http://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/

AGÊNCIA ESTADO. 29/05/2017. Em colapso, indústria naval já demitiu quase 50 mil e tem dívida bilionária. Dos 40 estaleiros instalados no País, 12 estão parados e o restante opera bem abaixo da capacidade; sem encomendas e com sócios envolvidos na Operação Lava Jato, setor não lembra em nada a euforia de investimentos após a descoberta do pré-sal. Com a Lava Jato, queda no preço do petróleo e derrocada da Sete Brasil, indústria naval brasileira desmoronou
Renée Pereira
O Estado de S. Paulo

Símbolo de um Brasil que tentou repetir o crescimento dos anos 70, o setor naval entrou em colapso. De um conjunto de 40 estaleiros instalados no País, 12 estão totalmente parados e o restante está operando bem abaixo da capacidade instalada. Sem encomendas, com o caixa debilitado e, em alguns casos, com sócios envolvidos na Operação Lava Jato, cinco desses estaleiros entraram em recuperação judicial ou extrajudicial. Dos tempos de euforia, sobraram uma dívida bilionária para pagar no mercado e quase 50 mil trabalhadores demitidos, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval).

Entre os estaleiros que ainda estão em operação, uma parte é voltada para a construção de embarcações fluviais, como barcaças, ou de transporte de passageiros, como os catamarãs comuns no Norte do País. A indústria voltada para a construção de plataformas e navios offshore, que nasceu para atender as demandas da Petrobrás, está em contagem regressiva, com os últimos projetos em fase final de construção. Alguns grandes estaleiros têm pouco mais de dois meses de trabalho e depois podem engrossar a lista de estabelecimentos parados.

A euforia de investimentos em estaleiros começou no governo Lula, com a descoberta do Pré-Sal pela Petrobrás. A partir daí, começaram a pipocar projetos de novos estaleiros em todo o litoral brasileiro, uma grande notícia para o governo que queria gerar emprego e turbinar a economia. Para quem aceitasse o maior porcentual de conteúdo local nas embarcações, o governo se propunha a financiar até 90% do projeto. De 2007 para cá, algo em torno de R$ 45 bilhões foram desembolsados do Fundo de Marinha Mercante (FMM) por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e demais bancos públicos e privados para financiar o setor.

Até 2014, a política do governo se mostrava positiva, apesar de alguns atrasos na entrega de projetos. A essa altura o setor empregava 82 mil pessoas e desenvolvia uma enorme cadeia produtiva. Mas, com a Operação Lava Jato, que atingiu em cheio a Petrobrás, queda no preço do petróleo e derrocada da Sete Brasil, empresa responsável pela contratação de navios para a estatal, a indústria naval brasileira desmoronou com uma sequência de cancelamentos de encomendas de embarcações. “Foi a tempestade perfeita”, diz André Carvalho, da Veirano Advogados.

Para complicar a situação, a Petrobrás fez um pedido à agência reguladora do setor (ANP) para reduzir os porcentuais de conteúdo local na construção de uma plataforma para o Campo de Libra, alegando que a produção no Brasil encarece em 40% o produto. “Os investimentos foram feitos baseados na política de conteúdo local. A eliminação seria muito complicada”, afirma Rodrigo Mattos, diretor da Alvarez & Marsal (A&M).

A crítica é que a crise veio num momento em que a curva de aprendizado estava crescendo, com milhões de reais investidos em treinamento de pessoal. “Pior. A crise pegou alguns estaleiros ainda na curva de investimentos”, diz o presidente da A&M, Marcelo Gomes. É o caso por exemplo do Enseada Paraguaçu, que tem como sócia as empreiteiras envolvidas na Lava Jato Odebrecht, OAS e UTC, além da japonesa Kawasaki. Com 82% das obras concluídas, o estaleiro está parado e em recuperação extrajudicial.

A solução tem sido buscar novas atividades para a área. O presidente da empresa, Fernando Barbosa, afirma que a opção em análise é a criação de um polo industrial e logístico. Outros estaleiros seguem o mesmo caminho e buscam reestruturar suas atividades, como o Inhaúma (RJ), afirma Sergio Leal, do Sinaval. No caso do Estaleiro Rio Grande, também em recuperação judicial, a solução em estudo é criar uma unidade produtiva isolada e vender em leilão a parte que inclui todos os equipamentos. “Se nada for feito, em dois anos estará tudo destruído”, diz Leal.

Nem o básico. Jorge Roberto Peixoto da Fonseca, de 46 anos, é uma das vítimas do colapso que vivem os estaleiros no Brasil. Há dez anos, ele deixou o Rio de Janeiro para se aventurar na implementação do polo naval de Rio Grande. Foi trabalhar na Ecovix, dona do Estaleiro Rio Grande, que em dezembro do ano passado demitiu cerca de 3 mil funcionários, depois de ter seus contratos rescindidos com a Petrobrás.

Fonseca foi um dos dispensados pela empresa, que em seguida entrou em recuperação judicial. Desde então, o desempregado vive um pesadelo.

Com 26 anos de carreira na área de tubulação, ele já passou por grandes empreendimentos como a Refinaria Abreu e Lima, projetos da Companhia Siderúrgica Nacional e uma fábrica da Nissan. Hoje, no entanto, não consegue nenhum emprego. “O máximo que consegui foi um bico de limpador de fossa”, afirma Fonseca.

O mesmo acontece com a mulher dele, Maria Angélica Rocha de Oliveira, de 49 anos. “No Rio, trabalhei no Itaú, numa indústria farmacêutica e em empresas de telemarketing. Aqui não consigo emprego nem como caixa de supermercado. Eventualmente aparece algum trabalho de faxina.”

Fome. Para sobreviver, os dois contam com a ajuda do filho de Maria Angélica, que ainda vive no Rio, e de vizinhos. “Tem dia que a gente não tem nem o que comer”, diz ela, que sofre de hipertensão e precisa seguir uma alimentação saudável por recomendação médica. “Eles me pedem para comer bastante fruta. Não temos dinheiro nem para comprar o básico.”

O aluguel do imóvel onde o casal vive com uma filha adolescente está atrasado há dois meses. “E já pediram para desocupar a casa”, afirma Fonseca, que ainda acredita na recuperação do setor naval de Rio Grande. Na semana em que a reportagem do Estado esteve na cidade, ele e outras dezenas de desempregados protestavam na frente do estaleiro da QGI, que ainda está em operação, em busca de trabalho.

AGÊNCIA ESTADO. 29/05/2017. Rio Grande sofre com derrocada de estaleiros. No auge, em 2013, setor empregava 24 mil pessoas na cidade, que crescia 20% ao ano; hoje, total de trabalhadores não chega a 5 mil
Reneé Pereira
O Estado de S. Paulo

Instalado à beira da Lagoa dos Patos, o pórtico gigante, trazido da Finlândia, era o símbolo da prosperidade do município de Rio Grande (RS). Com 117 metros de altura e 210 metros de largura, o equipamento – pintado de um amarelo berrante – era visto de qualquer canto da cidade, que fervilhava com o avanço do polo naval e seus três estaleiros. Hoje esse mesmo pórtico, que custou cerca de R$ 400 milhões, está parado ao lado de milhares de toneladas de aço no Estaleiro Rio Grande (ERG).

De símbolo de bonança, o equipamento virou o retrato dos prejuízos que o setor causou na cidade. No dia 9 de dezembro do ano passado, o ERG – que tem como sócios a Engevix e o Funcef – teve seus contratos rescindidos com a Petrobrás e demitiu cerca de 3 mil funcionários de uma só vez. Em seguida, entrou com pedido de recuperação judicial para equacionar uma dívida de R$ 7,5 bilhões. Nem deu tempo de terminar o casco da P-71, que ficou pela metade.

A derrocada do estaleiro teve efeito imediato na economia da cidade. Empresários que investiram na expansão dos negócios estão endividados e sem dinheiro para honrar os compromissos firmados; trabalhadores perderam o emprego e não têm perspectivas de recolocação no mercado; e o índice de criminalidade cresceu. “O retrato do que se vê aqui é de um impacto social violento e de uma retração do desenvolvimento da região”, afirma o prefeito de Rio Grande, Alexandre Duarte Lindenmeyer.

O colapso dos estaleiros

No auge da construção de embarcações, os três estaleiros do polo naval (Rio Grande, QGI – Queiroz Galvão Iesa e EBR – Estaleiros do Brasil) empregavam cerca de 24 mil trabalhadores e giravam uma economia que crescia em torno de 20% ao ano. Além do ERG parado, os outros dois também seguem o mesmo caminho. O QGI tem mais dois meses de trabalho e o EBR vai até o fim deste ano. Se nada for feito, outros cerca de 4 mil funcionários serão demitidos e vão engrossar a lista de desempregados na cidade.

O efeito multiplicador do polo naval funciona para o bem e para o mal. Com a queda na demanda, os empresários locais também passaram a demitir. O empresário Luiz Carlos Hilário conta que ampliou a rede hoteleira na cidade para atender a demanda do polo e agora está com elevada capacidade ociosa. “Dependendo do mês, a ocupação fica entre 30% e 40%. No auge dos estaleiros, tinha 98%”, diz ele, que é dono de quatro hotéis em Rio Grande. Para se adequar à nova realidade, a solução foi cortar custos e reduzir o preço da diária. “Ainda assim, esses dias um dos hotéis não tinha nenhum hóspede. Isso nunca tinha ocorrido antes.”

A situação de Renan Guterres Lopes é ainda pior. Ele investiu numa frota de ônibus para atender as empresas do polo naval e hoje não sabe o que fazer com os ônibus. Para piorar, Lopes pegou empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e hoje não tem caixa para pagar a dívida. Quando os primeiros estaleiros começaram a chegar a Rio Grande, a empresa de Lopes, a Universal, tinha apenas nove ônibus para atender os clientes. Conforme o polo avançava, ele aumentava o número de veículos, até chegar a 90 ônibus. Hoje, os carros estão sucateados no pátio, alguns sem motor e sem pneu. “Daqui a pouco eu vou doar ônibus, pois é mais barato do que bancar o custo dos veículos parados.”

Estabelecimentos que tinham relação indireta com o polo naval também sofreram um baque com o fechamento do ERG e redução dos serviços na QGI e EBR, além da retração da economia. Diante da perspectiva da população dobrar em dez anos, a cidade ganhou dois shoppings centers. Um deles foi concluído no meio da crise. Sem demanda, lojas e restaurantes foram fechados e quem continua de pé está renegociando os contratos de aluguel. “Em toda a cidade, 10% do comércio fechou as portas”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Rio Grande), Luiz Carlos Teixeira Zanetti. O próprio executivo fechou uma de suas três lojas de material de construção.


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LGCJ.: