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July 21, 2016

BACEN. 20/07/2016. Comunicado do Copom sobre a decisão de manter os juros em 14,25% ao ano. Copom mantém a taxa Selic em 14,25% ao ano. O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés.

O cenário básico com que o Comitê trabalha pode ser resumido pelas seguintes observações:
O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra perspectiva de estabilização da atividade econômica no curto prazo. Entretanto, as evidências sugerem que a economia segue operando com alto nível de ociosidade;
No âmbito externo, o cenário permanece desafiador. No curto prazo, o ambiente encontra-se relativamente benigno para as economias emergentes. No entanto, a dinâmica da recuperação da economia global permanece frágil, com incertezas quanto ao seu crescimento;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%; e
As projeções condicionais do Copom para a inflação permaneceram relativamente estáveis nos horizontes relevantes para a condução da política monetária desde sua última reunião, mas recuaram em relação às projeções divulgadas no último Relatório de Inflação. No cenário de referência, a projeção para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5%. No entanto, no cenário de mercado, a projeção para 2017 está em torno de 5,3%.
O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:
Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;
Por outro lado, (iv) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e (v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.
Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.

DOCUMENTO: http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/notas/15723


BACEN. PORTAL G1. 20/07/2016. Em seu 1º Copom, nova diretoria do BC mantém juros em 14,25% ao ano. Juros básicos da economia seguem no maior patamar em dez anos. Michel Temer pediu corte de juros, mas depois disse que BC tem autonomia.
Alexandro Martello
Do G1, em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu nesta quarta-feira (20) e decidiu manter, pela oitava vez seguida, os juros básicos da economia em 14,25% ao ano - o maior patamar em dez anos. A decisão (leia a íntegra ao final desta reportagem) confirmou a expectativa dos analistas do mercado financeiro.
A reunião foi a primeira comandada pelo novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que informou, no fim de junho, que buscará atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2017 – o que pressupõe um atraso maior no processo de queda dos juros.
A inflação corrente do país ainda está elevada. Em 12 meses até junho, o índice somou 8,84%, distante do objetivo central de 4,5% para o próximo ano. Economistas das instituições financeiras estimam que o processo de redução dos juros básicos da economia começará mais para o fim deste ano.
No mês passado, Goldfajn explicou que o BC e o governo estão adotando medidas para permitir a queda na taxa de juros no Brasil, mas acrescentou que esse processo tem de ser levado adiante somente quando as condições permitirem que ela ocorra de "forma responsável", ou seja, de modo que a inflação atinja as metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2016 e 2017, o CMN definiu uma meta central de inflação de 4,5% no ano e o Banco Central tem que calibrar a taxa de juros visando cumprí-la. Mas há um limite de tolerância que permite que a meta não seja descumprida mesmo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, não atinja essa meta central.
Para 2016, a tolerância é de dois pontos percentuais acima do centro da meta. Portanto, se o IPCA ficar em até 6,5% ao final deste ano, a meta não terá sido descumprida. Para 2017, esse teto é de 6%.

Selic - juros a 14,25% (Foto: Editoria de Arte/G1)

Comunicado longo
Após a reunião do Copom, o BC divulgou um longo comunicado. Antes, esse anúncio costumava se resumir a uma frase. A instituição informou que a projeção de inflação para 2017, com juros e câmbio estáveis, indica convergência para o patamar de 4,5%, mas, no cenário de mercado, que pressupõe queda dos juros nos próximos meses, a expectativa para o IPCA ainda está por volta de 5,3% para o ano que vem.
O Comitê informou ainda que identifica os seguintes riscos domésticos para a inflação: ela segue acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação.
"Por outro lado, os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom", acrescentou o BC.
A alta da taxa de juros é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Ao subir os juros ou mantê-los elevados, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que tem mostrado resistência.
Entretanto, os juros altos prejudicam a atividade economica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.
Cenário econômico
A reunião do Copom aconteceu em um ambiente de forte recessão na economia brasileira. Para este ano, a mais recente previsão do mercado financeiro é de um tombo de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB), após um recuo de 3,8% ano passado – o maior em 25 anos.
Embora a queda recente do dólar contribua para impedir uma escalada maior dos preços, a forte deterioração das contas públicas agem em sentido contrário. Para este ano, a previsão é de um déficit de R$ 170,5 bilhões para as contas do governo e, para 2017, a previsão é de rombo de R$ 139 bilhões. Déficits maiores implicam em mais gastos públicos - que pressionam a inflação.
Por conta disso, essa primeira reunião do Copom chefiada por Ilan Goldfajn foi precedida por ruídos dentro do governo. O presidente em exercício, Michel Temer, declarou na semana passada, em entrevista à GloboNews, que tem pedido à equipe econômica "sobre a possibilidade de reduzir os juros".
Já nesta quarta-feira, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o presidente em exercício via com "bons olhos" uma eventual redução da taxa de juros por parte do Banco Central. Depois de tudo isso, Michel Temer publicou, em seu página pessoal no microblog Twitter, uma declaração na qual afirma que a autoridade monetária tem "plena autonomia" para definir o percentual.
Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, é "lamentável" que o presidente da República tenha se juntado ao coro do setor produtivo e dos trabalhadores para pedir redução dos juros. "Deixa o BC fazer o que precisa. Eu não sei onde é que o presidente obteve seu doutorado em economia monetária, mas não foi onde eu estudei", declarou ele.
Durante sabatina no Senado Federal, Goldfajn declarou ser favorável à autonomia do BC e à fixação, no futuro, de mandatos para presidente e diretoria. Sobre mandato para presidente e diretores do banco, Goldfajn disse que é preciso ainda que o país tenha "maturidade" para que isso seja feito no futuro. Na vigência de um mandato, diretores e presidente teriam período fixo de permanência no cargo.
O governo informou que vai propor ao Congresso uma "autonomia técnica" para o Banco Central. O projeto não deve prever mandatos fixos para presidente e diretores da instituição, mas deve garantir foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) para toda a diretoria do BC.
Novo Banco Central
Com o novo presidente e nova diretoria do BC, a reunião do Copom, colegiado que fixa os juros básicos da economia, trouxe algumas novidades neste mês.
No segundo dia da reunião, quando é definido o patamar da taxa Selic pela diretoria da instituição, o encontro passará a ter início às 14h30 - como ocorreu nesta quarta-feira. Com isso, o resultado acaba sendo difulgado mais próximo das 18h. Pelo formato anterior, a reunião começava perto das 17h e o resultado costumava sair por volta das 20h.
Além disso, a nova diretoria permitiu, em seu primeiro Copom, que a reunião fosse fotografada e filmada logo no seu início, antes das deliberações mais importantes . E o resultado, ou seja, a definição sobre a taxa de juros, passou a ser divulgado somente pela internet. Antes, a assessoria de imprensa do BC lia os comunicados sobre a taxa de juros.
Juros reais mais altos do mundo e poupança
Com a decisão desta quarta-feira, o Brasil permanece na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses), com uma taxa de 8% ao ano. O ranking é feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management,
Em segundo lugar aparece a Rússia, com juros reais de 2,98% ao ano, seguida pela Indonésia (2,38% ao ano) e pela China (2,30% ao ano). Na média das 40 economias pesquisadas, a taxa está negativa em 1,5% ao ano.
A decisão do BC sobre a taxa de juros também influencia a rentabilidade da caderneta de poupança. Cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que, com os juros básicos atualmente em 14,25% ao ano, as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações.
A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).
No primeiro semestre deste ano, por conta do baixo rendimento e do cenário de recessão na economia brasileira, as retiradas de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 42,6 bilhões. Foi a maior perda de recursos para este período desde o início da série histórica, em 1995, ou seja, em 22 anos.

REPERCUSSÃO:

Júlio Miragaya, economista e presidente do Conselho Federal de Economia
“Já era uma posição esperada. O próprio mercado já está avaliando que a redução dos juros isso vai ficar para o final do ano. Isso confirma de alguma forma o conservadorismo do BC, que não é de hoje, já era vista na administração do Tombini, em relação ao foco exclusivo no controle da inflação. Todo mundo sabe que neste ano a inflação não vai chegar ao centro da meta. O BC deveria trabalhar com um prazo mais longo.”
É como se o BC estivesse de costas viradas para a retomada do crescimento e olhando apenas para um lado, o da inflação"
Júlio Miragaya
“O segundo problema é que o BC não leva em consideração a geração de emprego e o crescimento econômico. O BC persevera em buscar o centro da meta de inflação e não dá nenhum fôlego para que a atividade econômica possa se recuperar. Uma taxa tão elevada de jutos torna muito cara a contratação de financiamento pelas empresas, prejudicando o investimento, encarece o crédito ao consumidor. E para as empresas, é uma taxa extremamente atraente para aplicação financeira. Por que a empresa vai fazer investimento produtivo com um retorno duvidoso se pode botar em um título público, que é retorno garantido?”
“Além disso, há repercussão para a dívida pública. Evidentemente, a taxa nesse patamar elevado leva a perspectiva de um novo gasto bilionário neste ano em juros da dívida. É como se o BC estivesse de costas viradas para necessária retomada do crescimento e olhando apenas para um lado, o de levar a inflação para o centro da meta.”
Adriano Pires, professor da UFRJ e diretor fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE)
"Não foi tanta surpresa porque qualquer decisão que tenha mais repercussão só vai ser tomada após a decisão sobre o processo de impeachment. Uma razão para manter é que hoje a Selic neste patamar é atrativa para o capital estrangeiro, uma maneira de manter a atratividade do Brasil frente aos investidores enquanto não se faz privatizações e concessões. A manutenção também aponta que já existe uma aposta na queda da inflação mais para frente."
A Selic neste patamar é atrativa para o capital estrangeiro"
Adriano Pires
André Perfeito, economista- chefe da Gradual Investimentos
"Não foi uma surpresa a manutenção dos juros. De forma geral, eu achei positivo o comunicado dessa forma, porque antes ele era muito lacônico, muito pequeno. Agora tem mais coisa para se pensar. Ele (Illan Goldfajn) é favorável à manutenção dos juros em um patamar elevado. Eles (os diretores do Banco Central)  não veem espaço para cortar juros mesmo. Isso pode ter como reflexo amanhã em uma queda do dólar."
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, em nota
“A FecomercioSP entende que o momento ainda é complicado, mas diante de várias sinalizações positivas de novas diretrizes econômicas para o país, bem como da ligeira desaceleração do IPCA e da valorização do real, acredita que há espaço para redução de juros imediatamente. Nesse aspecto a opção do BC em se manter neutro pareceu um exagero de propósito e a entidade espera que já na próxima reunião se inicie um ciclo de queda de juros”.
Isso pode ter como reflexo amanhã em uma queda do dólar"
André Perfeito
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de SP
“Como a inflação ainda permanece em patamares muito altos, a manutenção da taxa básica foi uma decisão acertada. Porém, dada a gravíssima recessão vivida pelo País, se faz necessário reduzir os juros o quanto antes. Para que isso seja possível, também urge realizar o ajuste das contas públicas, focando na diminuição das despesas”.
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical
Infelizmente, o governo continua sacrificando o crescimento econômico, estrangulando a produção e frustrando a geração de postos de trabalho. Como a atividade econômica continua estagnada, o País perde uma ótima oportunidade de reduzir drasticamente a taxa Selic e, assim, dar uma injeção de ânimo no setor produtivo”.
Confederação Nacional da Indústria
"A expectativa da ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI) é que a próxima reunião do Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) inaugure o ciclo de redução dos juros. A manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano, decidida nesta quarta-feira, 20 de julho, representa mais um entrave à retomada da atividade econômica, pois encarece o crédito para os consumidores e as empresas, desestimulando o consumo e os investimentos".
Roque Pellizzaro, presidente do Serviço Nacional de Proteção ao Crédito
"A manutenção da política monetária com juros elevados combinada com a queda na demanda por conta da atividade econômica mais fraca e o recuo do dólar estão contribuindo para a desaceleração do aumento dos preços.”

BACEN. PORTAL UOL. REUTERS. 20/07/2017. Juros de 14,25% completam um ano, na 1ª decisão com novo presidente do BC
Do UOL, em São Paulo

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (20), manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi a primeira definição sobre juros com o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn. A decisão foi unânime entre os integrantes do comitê.

Na reunião anterior, em 8 de junho, já sob o governo do presidente interino, Michel Temer, o BC ainda era comandado formalmente por Alexandre Tombini, embora o nome de Goldfajn já houvesse sido aprovado no Senado, como determina a lei.

Faz exatamente um ano que a taxa está nesse nível. Em julho de 2015, ela subiu de 13,75% para 14,25%. Nas oito reuniões seguintes do BC, os juros ficaram na mesma.

"Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária", informou o BC em comunicado com novo formato, mais extenso e pelo qual apontou riscos para o cenário de inflação, entre os quais a permanência de "incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia".

A taxa é considerada muito alta. Nos EUA, por exemplo, está entre 0,25% e 0,5% ao ano. Na Rússia, é 10,5%; na Índia, 6,5%, e na China, 4,5%.

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A Selic influencia todos os juros do país, mas é só uma referência: as taxas cobradas dos consumidores são muito mais altas. Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em maio e atingiu 311,3% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 471,3% ao ano.



Empresas endividadas e desemprego
Os juros altos têm pesado sobre a economia, que deve passar pela maior recessão da história. Empresas grandes e pequenas têm corrido para renegociar suas dívidas, e o desemprego subiu com força, encerrando anos de forte crescimento.

Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.

A inflação segue bem acima do limite máximo: chegou a 8,84% em 12 meses, segundo os dados mais recentes do IPCA, referentes a junho.

Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Subir os juros geraria o risco de fazer a economia encolher ainda mais.

(Com Reuters)

BACEN. REUTERS. 20/07/2016. BC mantém juro básico em 14,25% e reforça que não há espaço para cortes
Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano em decisão unânime e em linha com expectativa dominante de especialistas, repetindo não haver espaço para corte nos juros tão cedo, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob o comando de Ilan Goldfajn.

"Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária", informou o BC em comunicado com novo formato, mais extenso e pelo qual apontou riscos para o cenário de inflação, entre os quais a permanência de "incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia".

Pesquisa Reuters mostrou que 42 de 43 economistas consultados previram que a Selic não seria mexida agora. Até o comunicado, a aposta majoritária era de um corte nos juros apenas em outubro.

Com a decisão desta quarta, a Selic segue no mesmo patamar desde julho de 2015, o mais alto em quase uma década e no período mais longo de estabilidade desde que o regime de metas foi implantado em 1999.

No texto da decisão, o BC também apontou ligeira melhora na sua projeção para inflação no ano que vem. A mudança fez alguns economistas enxergarem a possibilidade de uma redução da Selic em agosto ganhar força, enquanto outros seguiram vendo queda somente em outubro.

O Copom informou que projeções sobre a inflação permaneceram "relativamente estáveis nos horizontes relevantes para a condução da política monetária desde sua última reunião", mas caíram sobre os números divulgados no último Relatório de Inflação. No cenário de referência, completou o BC, a projeção para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5 por cento.

Na reunião do Copom realizada no início de junho, a projeção para o IPCA de 2017 estava exatamente em 4,5 por cento, centro da meta perseguida pelo governo. Mas no Relatório Trimestral de inflação, divulgado no fim do mesmo mês, essa conta havia sido piorada a 4,7 por cento.

Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, a projeção mais baixa representou a principal mensagem do comunicado. "Esse é um reconhecimento de uma melhora do ambiente", afirmou ela.

"É a primeira vez de um comunicado nesse formato e não temos referência para comparar, mas eu arriscaria dizer que não é totalmente porta fechada não (para redução dos juros em agosto)", completou.

Já o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, avaliou que apesar da completa mudança no texto, a mensagem principal continua de pé -- de que não há como reduzir a Selic no curtíssimo prazo.

"A discussão de corte de juros nem foi posta ainda, é o que indica o comunicado. Portanto não dá pra esperar que as condições para isso estejam postas em agosto porque elas não vão acontecer da noite para o dia", afirmou.

RISCOS

No texto do comunicado, o BC também salientou que a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente, e que um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação.

Por outro lado, chamou atenção para fatores que, se concretizados, podem ajudá-lo na tarefa de combater a alta de preços na economia.

"Os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom", trouxe o comunicado.

O economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, avaliou que os riscos apontados indicam um cenário mais favorável do que negativo para os próximos meses, diante de melhora das expectativas quanto ao fiscal e já que a o IPCA de julho deve mostrar menor pressão sobre alimentos.

"Nitidamente, como expectativas, parece que a coisa vai pra melhor não para pior. Tem chance importante de a Selic ser derrubada em agosto e esse comunicado não me faz mudar de ideia", disse.

Enquanto isso, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse enxergar o contrário ao fazer a leitura dos mesmos riscos destacados pela autoridade monetária.

"Os juros não caem em agosto e isso fica muito evidente principalmente no item que o BC cita que a inércia pode adiar o processo de desinflação", afirmou ele que, após o comunicado, mudou sua expectativa de redução na Selic para outubro, ante agosto.

Ilan já vinha reforçando que o objetivo do BC é fazer com que a inflação encerre este ano dentro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais-- e que caia para o centro do objetivo em 2017, quando a banda de oscilação foi estabelecida em 1,5 ponto.

Economistas, por sua vez, estimam que esse avanço do IPCA será de 5,3 por cento em 2017, conforme pesquisa Focus mais recente.

Em 12 meses até junho, o IPCA acumulava alta de 8,84 por cento.

REPERCUSSÃO

ALEX AGOSTINI, ECONOMISTA-CHEFE, AUSTIN RATING

"Os juros não caem em agosto e isso fica muito evidente principalmente no item que o BC cita que a inércia pode adiar o processo de desinflação.

"A gente ainda precisa acompanhar mais os desdobramentos da economia até lá (a próxima reunião), mas acho que não tem espaço para corte em agosto.

"Ainda tínhamos uma esperança de que (a Selic) pudesse cair em agosto... Mas agora isso muda nosso cenário para o primeiro corte em outubro."


JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO FATOR

"Esse formato(de comunicado)é bastante interessante, principalmente porque permite cobrar depois os itens listados.

"Obviamente eles não podem sinalizar quando (a Selic) vai cair, se vai ser agora ou muito mais tarde, mas acho que a hora se aproxima.

"Entre os riscos para inflação, eles citam os alimentos, mas isso já mudou. Já desacelerou e isso vai ter efeito no IPCA de julho, que saberemos em agosto. Ou seja, vamos chegar na reunião de agosto com o conteúdo agrícola bem diferente.

"Existe a parte fiscal como risco. Mas claramente a expectativa melhorou de uma semana para cá, então vamos ver o que acontece até o dia 31 de agosto (próxima decisão do Copom) e talvez a situação esteja bem melhor.

"Nitidamente, como expectativas, parece que a coisa vai para melhor, não para pior. Tem chance importante de a Selic ser derrubada em agosto e esse comunicado não me faz mudar de ideia."


ALBERTO RAMOS, ECONOMISTA-SÊNIOR, GOLDMAN SACHS

    "Se a partir de agora até a próxima reunião tivermos uma valorização significativa da moeda (real), surpresas positivas da inflação ou mesmo um progresso tangível sobre a agenda de consolidação fiscal, eu acho que um corte da taxa de juros em agosto poderia estar em jogo. Não necessariamente o mais provável (cenário), mas ele poderia muito bem ser que a inflação fique alinhada com a meta até o final desse período ".

     "O cenário mais provável é que o primeiro corte venha em outubro, mas eles estão muito perto de alcançar a sua orientação futura baseada no calendário; atingindo a meta em 2017."

     "Se você vê melhora adicional das expectativas, melhora na inflação esperada e maior depreciação da moeda, podemos realmente estar lá no momento em que eles considerarem um corte nas taxas."

LUCIANO ROSTAGNO, ESTRATEGISTA-CHEFE, BANCO MIZUHO

"O formato do texto mudou completamente, mas a mensagem principal permaneceu a mesma, de que as condições para corte de juros não estão postas e não parece que vão estar postas no curtíssimo prazo.

    "(O comunicado) Está deixando mais claro o que eles estão olhando, quais os parâmetros a serem monitorados para que possa iniciar o ciclo de afrouxamento monetário. Claramente não estão nesses níveis ainda.

    "Não houve nenhuma sinalização de urgência para querer preparar o mercado para corte de juros. A discussão de corte de juros nem foi posta ainda, é o que indica o comunicado. Portanto não dá para esperar que as condições para isso estejam postas em agosto porque elas não vão acontecer da noite para o dia."

ZEINA LATIF, ECONOMISTA-CHEFE, XP INVESTIMENTOS

Achei o comunicado muito ponderado, faz os pontos e contrapontos em relação ao diagnóstico de inflação, mas sem deixar de reconhecer as melhoras que a gente tem visto recentemente, que culminam na redução da projeção de inflação em relação ao que foi divulgado no Relatório de Inflação.

Não achei comunicado duro, no sentido de jogar a expectativa de relaxamento para muito distante. Achei na medida justa para essa avaliação de riscos aí, tem avanços, tem riscos de curto prazo e isso está ali colocado.

Eu acho que é possível que cresçam as discussões de um relaxamento (monetário) em agosto, não quer dizer que isso está ali no documento, mas o papel do mercado é sempre pensar em cenários alternativos. Hoje o mercado aposta majoritariamente num corte em outubro.

Eu acho que o grande destaque é o fato de a projeção de inflação ter caído, porque tinha piorado no Relatório de Inflação. Esse é um reconhecimento de uma melhora do ambiente."

(Reportagem de Flavia Bohone, em São Paulo, Marcela Ayres e Alonso Soto em Brasília)

IBGE. 21/07/2016. Em julho, IPCA-15 fica em 0,54%

PERÍODO
TAXA
Julho
0,54%
Junho
0,40%
Julho 2015
0,59%
Acumulado no ano
5,19%
Acumulado em 12 meses
8,93%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 0,54% em julho, mais do que em junho, quando a taxa ficou em 0,40%. Com este resultado, o acumulado no ano está em 5,19%, bem abaixo dos 6,90% registrados em igual período do ano anterior. Considerando os últimos 12 meses, o índice ficou em 8,93%, próximo dos 8,98% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2015, a taxa havia sido 0,59%.
Os preços dos alimentos aumentaram 1,45% e foram os responsáveis pela alta do índice de junho para julho, exercendo 0,37 ponto percentual (p.p.) de impacto. Com 69% de participação no IPCA-15 do mês, o grupo Alimentação e Bebidas registrou a mais elevada variação para os meses de julho desde 2008, quando chegou a 1,75%. Em Goiânia, Curitiba e São Paulo, os aumentos ultrapassaram os 2%, atingindo 3,41%, 2,75% e 2,03%, respectivamente.
O feijão-carioca, cujos preços subiram, em média, 58,06%, foi, isoladamente, o item que exerceu o maior impacto no índice do mês, 0,18 p.p.. Em Goiânia, o quilo do produto ficou 81,03% mais caro, seguido por Brasília (62,69%), Salvador (61,69%) e Fortaleza (60,63%).
Os demais tipos de feijão também apresentaram aumentos significativos nos preços. O mulatinho passou a custar, em média, 45,94% a mais, enquanto o preto ficou 34,23% mais caro e o fradinho subiu 11,78%.
Mas, ainda que o feijão se destaque pela alta expressiva, vários outros alimentos ficaram bem mais caros de um mês para o outro. O arroz, por exemplo, teve seus preços elevados em 3,36% na média, atingindo 8,20% em Belém, 6,67% em Fortaleza e 6,53% em Goiânia. Com isto, o feijão com arroz, prato típico da mesa do brasileiro, passou a custar bem mais.
O leite, com participação importante na despesa das famílias, aumentou 15,54%, em média, atingindo 27,46% em Curitiba, 24,15% em Porto Alegre e 20,17% em Goiânia. Com isto os preços de seus derivados aumentaram, destacando-se o leite em pó, que ficou 3,26% mais caro.
Em contraposição à alta do grupo Alimentação e Bebidas (1,45%), a maioria dos demais grupos de produtos e serviços pesquisados evidenciou desaceleração na taxa de crescimento de junho para julho, conforme mostra a tabela a seguir.

Grupo
Variação (%)
Impacto (p.p.)
Junho
Julho
Junho
Julho
Índice Geral
0,40
0,54
0,40
0,54
Alimentação e Bebidas
0,35
1,45
0,09
0,37
Habitação
1,13
0,04
0,17
0,01
Artigos de Residência
0,57
0,27
0,02
0,01
Vestuário
0,42
-0,08
0,03
0,00
Transportes
-0,69
0,17
-0,13
0,03
Saúde e Cuidados Pessoais
1,03
0,56
0,12
0,06
Despesas Pessoais
0,89
0,52
0,10
0,06
Educação
0,06
0,10
0,00
0,00
Comunicação
0,01
0,00
0,00
0,00
O grupo Transportes, no entanto, teve variação de 0,17% e apresentou aceleração na taxa de crescimento quando comparado ao mês de junho. Isto se deve à pressão exercida pelas passagens aéreas, que subiram 19,05%, além dos seguintes itens:

  • Ônibus interestadual 3,69%
  • Pedágio 1,98%
  • Etanol 1,22%
  • Conserto de automóvel 0,85%
  • Emplacamento e licença 0,77%

Ainda no sentido de pressionar a taxa, os destaques foram:

  • Alimentos para animais à 2,38%
  • Serviço bancário à 2,24%
  • Taxa de água e esgotoà 1,30%
  • Plano de saúde à 1,08%
  • Artigos de limpeza à 1,02%
  • Empregado doméstico à 0,87%
  • Mão de obra para pequenos reparosà 0,86%

A respeito da taxa de água e esgoto (1,30%), observa-se influência das seguintes regiões: Salvador (6,98%) tendo em vista o reajuste de 9,98% em vigor desde 06 de junho; Brasília (4,33%), onde ocorreu reajuste de 7,95% a partir do dia primeiro de junho; Goiânia (4,07%), com reajuste de 9,10% a partir de primeiro de julho; Porto Alegre (2,52%), onde o reajuste foi de 11,45% a partir do dia primeiro de julho.
Por outro lado, itens importantes se apresentaram em queda, contribuindo para conter a taxa do mês. Sobressaem os seguintes:

  • Energia elétrica à -1,65%
  • Hotel à-1,26%
  • Seguro voluntário de veículosà -1,23%
  • Gasolina à -1,11%
  • Automóvel usado à -1,02%
  • Automóvel novo à -0,63%

No caso da energia elétrica (-1,65%), a queda foi influenciada pela redução no valor das contas de Curitiba (-9,16%), onde as tarifas ficaram 13,83% mais baratas a partir de 24 de junho; São Paulo (-2,48%), onde, em uma das concessionárias, a redução de 7,30% nas tarifas vigora a partir de 04 de julho; e Porto Alegre (-0,83%), onde, também em uma das concessionárias, desde 19 de junho ocorreu redução de 7,50% nas tarifas.
Quanto aos índices regionais, o maior foi registrado em Goiânia, com 0,91%, pressionado pela alta de 3,41% nos alimentos, além da taxa de água e esgoto, com 4,07% tendo em vista o reajuste de 9,10%, em vigor a partir de primeiro de julho. O menor índice foi o de Porto Alegre com 0,20%.

Região
Peso Regional (%)
Variação Mensal (%)
Variação Acumulada (%)
Junho
Julho
Ano
12 meses
Goiânia
4,44
0,01
0,91
4,59
9,66
Belém
4,65
0,41
0,69
5,77
9,70
Fortaleza
3,49
0,48
0,64
6,39
10,52
São Paulo
31,68
0,36
0,60
5,16
9,05
Brasília
3,46
-0,02
0,60
3,35
7,77
Belo Horizonte
11,23
0,81
0,59
5,52
8,35
Recife
5,05
0,68
0,58
5,53
8,53
Salvador
7,35
0,44
0,50
5,74
9,04
Rio de Janeiro
12,46
0,34
0,46
4,96
8,73
Curitiba
7,79
0,23
0,38
4,18
8,29
Porto Alegre
8,40
0,42
0,20
5,61
9,30
Brasil
100,00
0,40
0,54
5,19
8,93
Para o cálculo do IPCA-15 os preços foram coletados no período de 15 de junho a 13 de julho (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de maio a 14 de junho (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

DOCUMENTO: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=3216

MOODY'S. PORTAL G1. 20/07/2016. Brasil lidera em crescimento de dívida na América Latina, diz Moody's. Agência aponta que a dívida externa está crescendo mais rápido. Países emergentes estão mais vulneráveis a choques externos, diz relatório.
Do G1, em São Paulo

O Brasil é o país com maior crescimento da dívida externa entre os países da América Latina, destacou nesta quarta-feira (20) em relatório a agência internacional de classificação de risco Moody’s.

Segundo o documento, a América Latina teve a segunda maior média de dívida externa sobre o PIB entre quatros regiões, com 48% no final de 2015, comparado a 78% da Europa emergente, 47% para Ásia-Pacífico, e 43% para África e Oriente Médio.

Neste cenário, a agência destaca que a dívida externa está crescendo mais rápido no Brasil do que na região da América Latina como um todo, levando a relação entre dívida externa e o PIB do país de 22% em 2005 para 38% em 2015.
A Moody’s aponta que, embora seja uma proporção relativamente baixa em um contexto global, a relação continuará crescendo se a economia do Brasil se contrair mais.

Países emergentes estão mais vulneráveis
Segundo o relatório, as economias dos mercados emergentes estão se tornando cada vez mais vulneráveis a choques externos após uma década de acumulação de dívida.

A dívida externa total desses mercados quase triplicou em 10 anos, passando de US$ 3 trilhões em 2005 para US$ 8,2 trilhões no final de 2015. A soma está crescendo mais rápido que o PIB e que as reservas internacionais para muitos desses países, destaca a Moody’s.

A agência espera que o crescimento global permaneça lento no médio prazo e que os preços das commodities continuem baixos por vários anos daqui para frente.

“Isto afetará as receitas cambiais e a acumulação de reservas dos países exportadores de commodities. O potencial de diminuição dos fluxos de capitais, caso as taxas de juros nos EUA continuem subindo, também agravaria a situação da dívida nas economias emergentes”, informou a Moody’s em nota.

MOODY'S. REUTERS. 20/07/2016. Moody's alerta para vulnerabilidade de emergentes por aumento de dívida externa; destaca Brasil

(Reuters) - A agência de classificação de riscos Moody's disse nesta quarta-feira que as economias emergentes estão ficando cada vez mais vulneráveis a choques externos após uma década de aumento da dívida, destacando que na América Latina, as dívidas cresceram mais rapidamente no Brasil e no México.

No relatório, a Moody's disse esperar que o crescimento econômico global permaneça fraco no médio prazo e que os preços das commodities fiquem baixos por vários anos, o que deve afetar a receita em dólares e acumulação de reservas de países exportadores de commodities.

"O potencial de desaceleração no fluxo de capitais, caso os juros nos Estados Unidos continuem a subir, também exacerbaria a situação da dívida nas economias emergentes", disse a Moody's documento.

A dívida externa total dos mercados emergentes e de fronteira --definida como a dívida de residentes em um país com não residentes-- quase triplicou de 3,0 trilhões de dólares em 2005 para 8,2 trilhões de dólares o final de 2015, disse a Moody's, acrescentando que o aumento foi liderado pelo setor privado.

Desde 2005, segundo a Moody's, a dívida externa privada cresceu a um ritmo anual de 14,3 por cento, comparado a 5,9 por cento da dívida externa do setor público.

Segundo o comunicado, a dívida no Brasil é que cresce mais rapidamente na América Latina levando a relação entre a dívida externa e o Produto Interno Bruto (PIB) para 38 por cento em 2015, ante 22 por cento em 2005.

"Apesar de ser um nível relativamente baixo dentro do contexto global, a proporção vai continuar crescendo se a economia do Brasil contrair mais", disse a Moody's no relatório.

CIA VALE DO RIO DOCE. 20/07/2016. Relatório de produção 2T16

Carajás alcançou um recorde de produção para um segundo trimestre de 36,5 Mt no 2T16, representando um aumento de 4,9 Mt (ou 15,5%) em relação ao 2T15
A Vale alcançou 86,8 Mt de produção de minério de ferro no segundo trimestre de 2016 (2T16), representando um aumento de 9,3 Mt em relação ao 1T16, devido principalmente ao forte desempenho do Sistema Norte.

Carajás alcançou um recorde de produção para um segundo trimestre de 36,5 Mt no 2T16, representando um aumento de 4,9 Mt (ou 15,5%) em relação ao 2T15, devido principalmente ao aumento da eficiência geral da frota de caminhões e ao ramp-up das minas N4WS e extensão de N5S.

A produção de pelotas, excluindo a produção atribuível à Samarco, alcançou 10,0 Mt no 2T16, ficando 12,4% e 17,9% abaixo do 1T16 e do 2T15, respectivamente, devido principalmente: (a) à parada na planta de pelotização de Fábrica, devido a atrasos na obtenção de licenças ambientais para os projetos de expansão da mina; (b) a paradas programadas para manutenção nas plantas de Tubarão no 2T16. A produção de Tubarão 8 alcançou em maio o recorde mensal de produção de 637 kt.

A Recuperação Global (RG), medida pelo volume de produção final dividido pelo total de toneladas extraídas, alcançou 39% em 2013, 41% em 2014 e 46% em 2015. Em uma base trimestral, a RG aumentou de 45,4% no 2T15 para 46,1% no 2T16.

A produção de níquel atingiu recorde para um segundo trimestre de 78.500 t no 2T16, representando um aumento de 11.400 t em relação ao 2T15, devido principalmente ao forte desempenho operacional de PTVI e aos ramp-ups em andamento em Long Harbour e Vale Nova Caledônia (VNC).

A produção de cobre também alcançou recorde para um segundo trimestre de 107.400 t no 2T16, representando um aumento de 2.500 t em relação ao 2T15, devido, sobretudo, ao melhor desempenho operacional em Sudbury e ao ramp-up bem-sucedido de Salobo.

A produção de ouro alcançou recorde para um segundo trimestre de 109.000 oz no 2T16.

A produção de carvão alcançou 1,5 Mt no 2T16, ficando 9,5% e 25,2% abaixo do 1T16 e do 2T15, respectivamente, devido principalmente à menor produção em Carborough Downs, que teve problemas de instabilidade geológica no 2T16.

Em junho, a movimentação total da mina em Moçambique atingiu um novo recorde mensal de 12,7 Mt devido ao aumento de produtividade dos equipamentos e ao desenvolvimento de novas áreas de mina que irão alimentar a planta de Moatize II. O comissionamento da planta de Moatize II está quase concluído, e o início das operações é esperado para o começo de agosto. O ramp-up de Moatize II permitirá o aumento da produção e a redução de custos nos próximos trimestres.

DOCUMENTO: http://saladeimprensa.vale.com/Lists/Acervo/Attachments/2883/PREPORT2T16_p.pdf​​​

DÓLAR/ANÁLISE

BACEN. PORTAL G1. 20/07/2016. Dólar fecha em queda nesta quarta-feira, abaixo de R$ 3,25. O dólar caiu 0,32%, a R$ 3,2486 na venda. Nesta semana, moeda acumula queda de 0,18%; no mês, há alta de 1,14%.
Do G1, em São Paulo

O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (20), acompanhando o ambiente de certo apetite por risco nos mercados externos após sofrer alguma pressão na véspera.
O dólar caiu 0,32%, a R$ 3,2486. A moeda norte-americana chegou a R$ 3,2640 na máxima e a R$ 3,2393 na mínima do dia.
Acompanhe a cotação ao longo do dia:

  • Às 9h09, caía 0,23%, a R$ 3,2514
  • Às 9h39, caía 0,003%, a R$ 3,2588
  • Às 10h19, caía 0,009%, a R$ 3,2586
  • Às 11h, subia 0,07%, a R$ 3,2614
  • Às 11h19, caía 0,135%, a R$ 3,2545
  • Às 12h23, caía 0,54%, a R$ 3,2410
  • Às 13h22, caía 0,25%, a R$ 3,2506
  • Às 14h30 caía 0,25%, a R$ 3,2507
  • Às 15h20, caía 0,02%, a R$ 3,2583
  • Às 16h, caía 0,13%, a R$ 3,2546

Nesta semana, a moeda acumula queda de 0,18% e, no mês, há alta de 1,1%. No ano, há desvalorização de 17,72%.
"O mercado está mais quieto e a agenda está mais vazia. É melhor sentar e esperar", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold à agência Reuters.

Dólar em julho
Cotação de fechamento em R$
3,23283,26493,3013,3373,36593,29453,313,2983,27453,25953,25433,25173,25893,2486cotação01/0704/0705/0706/0707/0708/0711/0712/0713/0714/0715/0718/0719/0720/073,2253,253,2753,33,3253,353,375
Gráfico elaborado em 20/07/2016

No cenário local, o marasmo de notícias no cenário político por conta do recesso parlamentar mantinha o foco sobre qual serão as medidas adotadas pelo presidente interino Michel Temer para conter os gastos públicos e estimular a economia brasileira.
"O foco agora está nas medidas que o governo pode anunciar daqui para frente. Cada vez mais é necessário que a confiança que o mercado deu para o governo seja sancionada por medidas concretas", disse à Reuters o operador de uma corretora internacional, referindo-se ao otimismo que o mercado vem demonstrando com o governo.
Outro foco nesta quarta-feira é a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a primeira sob o comando de Ilan Goldfajn. Operadores esperam que a Selic seja mantida em 14,25%, mas buscarão no comunicado indicações sobre quando a taxa básica de juros começará a cair.
O Banco Central brasileiro anunciou novamente oferta de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.

BACEN. PORTAL UOL. REUTERS. 21/07/2016. Dólar opera em alta, vendido perto de R$ 3,25; acompanhe

O dólar comercial operava em alta nesta quinta-feira (21). Por volta das 9h20, a moeda norte-americana subia 0,18%, a R$ 3,254 na venda. Na noite de quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou a decisão de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano. O comunicado do comitê reafirma que não há espaço para corte de juros tão cedo. Nesta manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a prévia da inflação ficou em 0,54% em julho. (Com Reuters)

BOVESPA/ANÁLISE

BOVESPA. PORTAL G1. 20/07/2016. Bovespa fecha em queda e interrompe sequência de 10 altas. Ibovespa caiu 0,21%, a 56.578 pontos. Avanço das ações de bancos limitam recuo.
Do G1, em São Paulo

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda nesta quarta-feira (20), interrompendo uma sequência de dez pregões consecutivos de ganhos – a maior série de altas seguidas desde 2010.
O Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, caiu 0,21%, a 56.578 pontos. Veja a cotação.
O dólar caiu 0,32% e fechou a R$ 3,2486.
Segundo a agência Reuters, apesar do movimento mais forte de venda de ações nesta quarta-feira para realização de lucros, o avanço das ações de bancos, puxadas por Itaú Unibanco e Banco do Brasil, ajudou a amenizar a queda do dia.
O mercado aguardava a decisão de política monetária (taxa básica de juros) do Banco Central, que em anúncio após o fechamento do pregão decidiu pela manutenção da Selic em 14,25%, Havia há grande expectativa em relação ao comunicado, já que esta foi a primeira reunião da nova diretoria comandada por Ilan Goldfajn.
Em comunicado, o BC justificou a decisão citando "as evidências sugerem que a economia segue operando com alto nível de ociosidade".
No exterior, Wall Street fechou o dia no azul e os preços do petróleo se recuperaram e encerraram em alta, o que ajudou a atenuar alguma pressão vendedora no pregão brasileiro.
Bovespa acumula alta de 30% no ano
Com a queda desta quarta-feira, o Ibovespa passa a acumular alta de 1,8% na semana. No mês de julho, o ganho é de 9,8%. No acumulado no ano, a alta é de 30,52%.
Destaques do dia
Perto do fechamento, as ações preferenciais da Petrobras tinham alta de 0,34%, enquanto as ordinárias caíam 1,3%, em sessão de baixa do petróleo, com o destino da BR Distribuidora ainda sob os holofotes.
Jás os papéis da Vale recuavam mais de 1%.
A Kroton liderou as baixas do índice, com queda de mais de 5,02%.
A Oi, fora do Ibovespa, saltou 8,6%.
A última vez que o Ibovespa teve uma sequência mais longa de alta foi entre julho e agosto de 2010, com 11 sessões seguidas no azul, segundo a Reuters.



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LGCJ.: