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May 6, 2020


ECONOMIA BRASILEIRA / BRAZIL ECONOMICS



TAXA BÁSICA DE JUROS SELIC



BACEN. 06 Maio 2020. Copom reduz a taxa Selic para 3,00% a.a.

Em sua 230ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 3,00% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

  • No cenário externo, a pandemia da Covid-19 está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos. Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias, e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador, com saída de capitais significativamente superior à de episódios anteriores;
  • Em relação à atividade econômica, dados mensais disponíveis até o mês de março repercutem apenas parcialmente os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a economia brasileira. Indicadores de maior frequência e tempestividade, referentes ao mês de abril, mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom;
  • O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente se encontram abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária;
  • As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 2,0%, 3,3% e 3,5%, respectivamente;
  • No cenário híbrido, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante a R$5,55/US$*, as projeções do Copom situam-se em torno de 2,4% para 2020 e 3,4% para 2021. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2,75% a.a. e se eleva até 3,75% a.a. em 2021. Esse cenário supõe ainda que o preço do petróleo (Brent) subirá cerca de 40% até o final de 2020; e
  • No cenário com taxa de juros constante a 3,75% a.a., taxa de câmbio constante a R$5,55/US$* e a mesma premissa para o preço do petróleo, as projeções situam-se em torno de 2,3% para 2020 e 3,2% para 2021.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Esse risco se intensifica caso a pandemia provoque aumentos de incerteza e de poupança precaucional e, consequentemente, uma redução da demanda agregada com magnitude ou duração ainda maiores do que as estimadas.

Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.

O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 3,00% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021.

O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional. O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo.

Dois membros do Comitê ponderaram que, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural, poderia ser oportuno prover todo o estímulo necessário de imediato, em conjunto com a sinalização de manutenção da taxa básica de juros pelos próximos meses, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento da meta para a inflação de 2021.

Entretanto, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião.

Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19. No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do  seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fábio Kanczuk, Fernanda Feitosa Nechio, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

DOCUMENTO: https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/17067/nota

BACEN. 06 Maio 2020. O Banco Central (BC) informa o motivo para a ausência do Diretor João Manoel Pinho de Mello na 230ª Reunião do Copom

Seguindo orientação da área de gestão de pessoas do BC, na semana passada, todos os membros do Copom foram testados para Covid-19.

O primeiro resultado do Diretor João Manoel foi positivo. Feito um segundo exame, o resultado foi negativo. Considerando os resultados díspares, a área de gestão do BC recomendou um terceiro exame para contraprova.

Entretanto, por não haver tempo hábil para a realização do referido exame, por prudência, o Diretor João Manoel decidiu não participar das sessões presenciais do Copom, na terça e na quarta.

O Diretor João Manoel Pinho de Mello segue gozando de boa saúde, assintomático, e desempenhando normalmente suas funções de maneira remota.

BACEN. PORTAL G1. Copom faz novo corte e juro básico cai de 3,75% para 3% ao ano. Patamar anterior da taxa Selic tinha sido fixado em 18 de março; corte renovou mínima histórica. Próxima reunião do comitê está marcada para os dias 16 e 17 de junho.
Por Laís Lis, G1 — Brasília

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu nesta quarta-feira (6) a taxa básica de juros da economia brasileira de 3,75% para 3% ao ano. A decisão foi unanime. Esta foi a sétima redução consecutiva.

A decisão renovou o menor patamar histórico para a taxa Selic desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. Analistas do mercado financeiro esperavam um corte menos agressivo, para 3,25% ao ano.

No comunicado, o Copom avalia que “neste momento a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado”. Diz ainda que, para a próxima reunião, avalia nova redução da taxa.

"Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19", afirma o Copom.

O comitê ressalva, no entanto, que “novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”.

Cenário econômico

A decisão do Copom foi tomada em um ambiente de forte queda do nível de atividade da economia mundial em razão da pandemia do novo coronavírus, o que tem reduzido os índices de inflação.

Diante desse cenário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a pandemia vai levar a economia mundial a registrar queda de 3% neste ano, o pior desempenho desde a crise de 1929.

Para o Brasil, as previsões do FMI e do Banco Mundial são de retração econômica superior a 5% neste ano. Os economistas do mercado financeiro estimam queda de 3,7%.

Com a forte queda da atividade econômica, os preços têm caído. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice que mede a inflação oficial, somou 0,07%, menor taxa para o mês desde 1995.

O mercado financeiro prevê que o IPCA ficará em 1,97% neste ano, isto é, abaixo do piso de 2,5% previsto pelo sistema de metas.

Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).

BACEN. PORTAL G1. Copom acelera passo e tamanho do corte da Selic surpreende, dizem analistas. Expectativa majoritária no mercado era de redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Analistas dizem que Selic pode chegar a 2,25% ao ano.
Por Luiz Guilherme Gerbelli e Paula Salati, G1

A redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (6) foi considerada agressiva e surpreendeu parte do mercado financeiro. A expectativa majoritária era de que o corte seria de 0,5 ponto na Selic.

Com a nova redução, a taxa de juros chegou a 3% ao ano e foi ao menor patamar desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. A leitura também é de que Copom deixou a porta aberta para um novo corte na próxima reunião de política monetária, em junho.

Na avaliação dos analistas consultados pelo G1, os sinais de fraqueza da economia pesaram na decisão do Copom de promover um ajuste na Selic maior do que o esperados.

"A decisão surpreendeu duplamente: pelo tamanho do corte e pela não adoção do gradualismo tão pregado anteriormente pelo Copom", afirma o diretor da MAG Investimentos, Claudio Pires. Ele avalia que o comitê deve promover mais um corte de 0,5 ponto percentual no próximo encontro, colocando a Selic em 2,5% ao ano.

Antes do encontro desta quarta, Pires imaginava que o Copom seguiria por este caminho, mas com duas reduções de 0,5 ponto percentual e mais uma de 0,25 ponto.

Na leitura do superintendente de pesquisas macroeconômicas do banco Santander, Mauricio Oreng, os membros do Copom "aceleraram o passo do corte de juros". "Ainda estamos digerindo o comunicado do Copom. Estávamos trabalhando com um corte de 0,50", afirmou.

Sinais de fraqueza da economia

Na avaliação dos economistas, a preocupação com a atividade econômica se sobrepôs sobre as questões fiscais na decisão desta quarta. A autoridade monetária destacou isso logo no início do comunicado.

"Em relação à atividade econômica, dados mensais disponíveis até o mês de março repercutem apenas parcialmente os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a economia brasileira. Indicadores de maior frequência e tempestividade, referentes ao mês de abril, mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom", escreveram os diretores do BC no comunicado desta quarta-feira.

Para Oreng, dados recentes da produção industrial "foram importante" na decisão de hoje. Na terça (5), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial de março teve uma queda de 9,1% na comparação com fevereiro. O desempenho foi pior para o mês desde 2002.

A previsão para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) dos analistas consultados pelo relatório Focus já está próxima de uma queda de 4%.

Incerteza fiscal limita mais corte

A economista-chefe da Claritas Investimentos, Marcela Rocha, acredita que o BC deve reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião, mas que vai haver um novo espaço para mais cortes diante da incerteza com o quadro fiscal do país.

No comunicado, o Copom aponta que a políticas fiscais de resposta à pandemia podem piorar a trajetória fiscal do país e que há um risco de frustração com a agenda de reformas, o que pode, segundo o Comitê, “elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.

“Apesar da forte contração do PIB e das expectativas de inflação estarem ancoradas, o Copom coloca a política fiscal como um fator negativo no seu balanço de riscos para inflação”, afirma Marcela.

BACEN. REUTERS. 6 DE MAIO DE 2020. BC corta Selic acima do esperado, a 3%, e sinaliza nova redução à frente

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros acima do esperado pelo mercado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente, não maior do que o atual, para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

O corte de 0,75 ponto veio após uma redução de 0,5 ponto na taxa básica em março. Pesquisa feita pela Reuters com 26 economistas mostrou que todos esperavam nova redução de 0,50 ponto desta vez.

“O Copom (Comitê de Política Monetária) entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional”, disse o BC, em seu comunicado.

“O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”, completou.

Este foi o sétimo corte consecutivo da taxa Selic, em um cenário de paralisação da economia em meio aos impactos econômicos do surto de Covid-19.

Por Marcela Ayres

BACEN. REUTERS. 6 DE MAIO DE 2020. BC faz corte mais profundo na Selic e indica nova redução

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros à mínima histórica de 3% ao ano —redução de 0,75 ponto percentual, mais forte do que a prevista pelo consenso de mercado— e sinalizou uma última diminuição à frente, não maior do que a atual, para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

Comentários de profissionais do mercado financeiro sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom):

MAURICIO ORENG, SUPERINTENDENTE DE PESQUISAS MACROECONÔMICAS, SANTANDER BRASIL

“A decisão do BC hoje mostrou que a instituição se guiou mais por fatores de curto prazo —sobretudo choque de demanda— do que por elementos estruturais, como a questão fiscal. De forma geral, achamos que a escolha (por um corte de 75 pontos-base) foi correta. Com as ponderações feitas, o Copom ganha tempo para observar e avaliar a próxima decisão nesse ambiente de incerteza muito grande.”

PABLO SPYER, DIRETOR DE OPERAÇÕES, MIRAE ASSET

“Vai ter mais um corte na reunião que vem. O Banco Central deixou claro que considera um último ajuste na reunião que vem, e o corte de hoje foi maior que aquele que a maioria esperava. Acho que há uma aposta implícita do BC de que vai ser possível o mercado andar com as reformas. Eu não acredito que se o BC achasse que está muito difícil avançar com as reformas faria um movimento tão agressivo quanto esse. De toda forma, mudei agora a projeção de corte para 25 pontos-base na próxima reunião, de 50 pontos-base antes.”

ÉTORE SANCHEZ, ECONOMISTA-CHEFE, ATIVA INVESTIMENTOS

“Os indicadores de alta frequência mostraram uma evolução desastrosa da atividade, e por isso esperávamos esse corte de 75 pontos-base. Acho que virá novo corte de 50 pontos-base em junho, tendo como cenário-base que um alívio nas restrições de mobilidade social e de atividade de empresas possa começar a ser percebido nos indicadores econômicos de junho. No mercado, os juros futuros deverão começar a precificar corte entre 50 pontos-base e 75 pontos-base para a próxima reunião, e a Selic projetada pelo DI janeiro 2021 deverá ficar em torno de 2,50% ou um pouco menos. O dólar pode ter uma pressão na abertura, mas vejo os mercados digerindo a decisão ao longo do dia e a moeda fechando longe das máximas.”

Por José de Castro e Gabriel Ponte


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LGCJ.: