Alexandro Martello
Do G1, em Brasília
Em um cenário econômico marcado pela forte recessão, apesar de a inflação continuar pressionada, o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por fixar os juros básicos da economia brasileira, se reúne nesta quarta-feira (2) e deve manter a taxa Selic estável em 14,25% ao ano, segundo previsão do mercado financeiro.
Se confirmada, essa será a quinta reunião seguida do comitê sem alteração da taxa básica de juros. Mesmo assim, a Selic continuará no maior patamar desde julho de 2006, ou seja, em quase dez anos. Em termos reais (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses), os juros brasileiros continuariam entre os mais altos do planeta.
A percepção dos analistas de que a taxa será mantida tem por base indicações do próprio BC. Em seu último encontro, em janeiro, o Copom decidiu não subir os juros por conta de preocupações com o cenário de desaceleração da economia mundial e sua repercussão no Brasil.
Mais recentemente, indicou que também não deve baixá-los, consolidando o entendimento de que a Selic deve ficar estável no começo de março.
Metas de inflação
O Banco Central tem informado que busca 'circunscrever" a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), à meta deste ano, ou seja, abaixo do teto de 6,5%, e também que quer trazer o índice para a meta central de 4,5% em 2017.
Entretanto, o mercado financeiro não acredita que isso será possível. Para este ano, a previsão dos economistas é de um IPCA de 7,57%, estourando novamente a meta de inflação, e, para 2017, a estimativa do mercado é de 6% - no limite autorizado pelo Conselho Monetário Nacional.
Recessão e inflação alta
O cenário atual é considerado desafiador por economistas, com a forte contração do nível de atividade - a expectativa é de que o PIB tenha registrado em 2015 o maior recuo em 25 anos. Além disso, o desemprego aumenta e, ao mesmo tempo, a inflação continua pressionada e atinge níveis historicamente elevados. Em doze meses até janeiro, o IPCA acumula uma alta 10,71%.
Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a inflação deve somar cerca de 8% em 2016 e ficará um pouco abaixo de 7% em 2017. Com isso, ele prevê estouro da meta de inflação neste ano e no próximo, assim como já aconteceu em 2015.
"Os preços administrados [como energia e tarifas públicas] não têm dado moleza. Os preços dos alimentos ainda pesam e também tem a inércia da inflação, a indexação", explicou.
Em sua visão, o BC está certo ao não subir os juros. "O BC não está de mãos atadas. Ele está enxergando a inflação desacelerando. Tem que esperar mais uns dois meses para ver se consolida essa desaceleração", avaliou Lima Gonçalves.
Essa visão, porém, não é unanimidade entre os economistas. Há divergências dentro do próprio Comitê de Política Monetária do BC. Na última reunião do Copom, em janeiro, quando os juros foram mantidos em 14,25% ao ano, dois diretores da instituição queriam um aumento da taxa básica para 14,75% ao ano. Eles argumentaram que seria importante "reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos do regime de metas para a inflação e reforçar o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias".
Empresários e trabalhadores
O setor produtivo, representado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), se posicionou contra um novo aumento dos juros e representantes dos trabalhadores voltaram a pedir redução da taxa Selic.
"O BC foi correto em não elevar os juros [em janeiro], o que agravaria o quadro recessivo e teria o impacto de deteriorar ainda mais as contas públicas [com pagamento mais alto de juros], sem beneficio maior sobre a inflação", disse o economista da CNI Flavio Castelo Branco.
As centrais sindicais, por sua vez, fizeram novo ato nesta semana contra os juros altos, distribuindo bananas para a população. O argumento foi que "aumentar a taxa de juros é dar banana ao emprego".
"Hoje no Brasil não tem investimento, tem especulação. E isso não gera emprego (...) Temos feito nossa parte de traçar estratégias para que o país saia da crise, mas com os juros altos não dá”, declarou Miguel Torres, vice-presidente da Força Sindical.
BACEN. PORTAL UOL. 02/03/2016. BC decide hoje sobre juros; mercado acredita que taxa continuará em 14,25%
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decide nesta quarta-feira (2) a Selic, a taxa básica de juros do país, após uma reunião de dois dias. Esse é o segundo encontro do Copom neste ano.
A taxa está em 14,25% ao ano desde julho do ano passado e deve ser mantida nesse nível.
Em suas quatro últimas reuniões, o BC decidiu manter a Selic no mesmo nível. A tendência é que isso aconteça novamente nesta semana, na opinião da maioria dos analistas de mercado consultados pela agência de notícias Reuters e pelo jornal "Valor Econômico".
"Não há dúvida alguma sobre essa reunião do Copom. É um não-evento", afirmou o operador de uma corretora nacional à Reuters.
Os economistas consultados pelo BC semanalmente, para a produção do Boletim Focus, estimam que a Selic fechará o ano nos mesmos 14,25%, e cairá para 12,50% no ano que vem.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, podendo variar entre 2,5% e 6,5%.
No momento, a inflação está bem acima do limite máximo: chegou a 10,84% em 12 meses, segundo os dados mais recentes, da prévia da inflação (IPCA-15) em fevereiro.
Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Se o BC subir ainda mais os juros, corre o risco de fazer a economia encolher ainda mais.
Juros para o consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela.
Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em janeiro chegou a 292,3% ao ano e os juros do rotativo do cartão de crédito, a 439,5% ao ano.
Como sua vida é afetada pelos juros altos?
- Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro);
- Sobe o desemprego porque as empresas investem menos;
- As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação;
- A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai);
- A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
- Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic.
(Com Reuters e Valor)
BACEN. PORTAL UOL. 02/03/2016. No começo de 2015, projeções apostavam em crescimento da economia; e agora?
A economia brasileira encolheu em 2015. Isso é certo, mas ainda não se sabe quanto. O valor exato será conhecido nesta quinta-feira (3), quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga os dados do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado.
A maior parte das estimativas apontam para uma queda entre 3,6% e 3,8%. Mas não foi sempre assim.
Quando 2015 começou, as projeções do governo, dos órgãos internacionais e até do mercado eram mais otimistas e falavam até em crescimento. Essas previsões foram sendo ajustadas ao longo dos meses, com a divulgação de novos indicadores ruins e a piora nos cenários econômico e político.
Veja como evoluíram as apostas.
Mercado
As projeções dos analistas de mais de cem instituições financeiras são reunidas pelo Banco Central semanalmente no Boletim Focus. O BC exclui as previsões extremas e calcula uma mediana dessas perspectivas.
- No primeiro boletim de 2015, a expectativa era de crescimento de +0,5%;
- No último boletim com estimativas para 2015, a aposta era de queda de -3,71%.
Governo
Ao final de 2014, o governo apostava em crescimento para 2015, mas o otimismo não durou muito:
- Dezembro de 2014: +0,8%
- Abril: -0,9%
- Maio: -1,2%
- Setembro: - 2,44%
- Novembro: -3,1%
- Previsão atual: -3,7%
Banco Central
O BC também ajustou suas projeções ao longo de 2015:
- Março: - 0,5%
- Junho: -1,1%
- Setembro: -2,7%
- Dezembro: -3,6%
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)
A organização internacional também chegou a apostar em crescimento para o Brasil 2015, mas depois reviu as previsões:
- Novembro de 2014: +1,5%
- Março: -0,5%
- Junho: -0,8%
- Setembro: -2,8%
- Novembro: -3,1%
- Previsão atual: -3,8%
Fundo Monetário Internacional (FMI)
O FMI também saiu de uma projeção de crescimento para a de recessão:
- Janeiro: +0,3%
- Abril: -1%
- Julho: -1,5%
- Outubro: -3%
- Previsão atual: -3,8%
FGV. IBRE. 02/03/2016. IPC-S Todas as capitais registraram decréscimo em suas taxas
O IPC-S de 29 de fevereiro de 2016 registrou variação de 0,76%, 0,34 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa divulgada na última apuração. Todas as sete capitais pesquisadas registraram decréscimo em suas taxas de variação.
A tabela a seguir, apresenta as variações percentuais dos municípios das sete capitais componentes do índice, nesta e na apuração anterior.
DOCUMENTO: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880972283E1AA0122841CE9191DD3&lumItemId=8A7C82C5519A54780153341209B3193C
MPOG. 01/03/2016. Governo divulga 1º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2016. Revisão visa garantir cumprimento da meta de resultado primário
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) divulgou, nesta terça-feira (1°), o primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2016, com atualização dos parâmetros macroeconômicos e com as reestimativas fiscais, que levaram à limitação de empenho e movimentação financeira das despesas discricionárias realizada pelo Poder Executivo.
Diante da meta de resultado primário do Governo Central estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO 2016), de R$ 24 bilhões, procedeu-se à avaliação das receitas e despesas primárias do governo federal, observando-se os dados dos últimos meses de 2015 e dados preliminares de janeiro de 2016.
A avaliação apontou a necessidade de contingenciamento de R$ 23,4 bilhões das despesas discricionárias do executivo, conforme foi anunciado pelo ministro Valdir Simão no último dia 19 de fevereiro (Decreto nº 8.676/2016).
Em relação às receitas administradas pela Receita Federal, exceto o Regime Geral da Previdência Social, a reestimativa incorporou os valores arrecadados até janeiro de 2016 e atualizou a projeção para o exercício de 2016, apontando para uma queda de R$ 19,4 bilhões na arrecadação anual, o que representa uma redução de 2,2% em relação à previsão constante na Lei Orçamentária Anual (LOA 2016).
As estimativas de arrecadação de quase todos tributos foram reduzidas, com destaque para o IR, a COFINS, o IOF, o IPI e o II. Apenas as projeções da CPMF, CSLL e das outras receitas administradas apresentaram valores superiores às estimativas constantes da LOA 2016.
Também há previsão de queda nas estimativas de receita líquida de transferências a Estados e Municípios e das demais receitas primárias do Governo Central em relação à LOA.
Nas despesas primárias de execução obrigatória, o relatório indica aumento de R$ 9,8 bilhões nas estimativas de pagamento de abono salarial e seguro-desemprego, créditos extraordinários, benefícios da Previdência, dentre outros.
O aumento líquido das despesas obrigatórias já considera a compensação de cerca de R$ 12 bilhões a partir da adoção da nova sistemática de pagamento de precatórios federais. Sem a compensação dos precatórios, o aumento das despesas obrigatórias seria superior a R$ 21 bilhões.
Parâmetros
De acordo com o relatório, a previsão do crescimento real do PIB para 2016 está em -2,94% e a da variação do índice de inflação (IPCA) em 7,1%. Nesse cenário, elaborado em 5 de janeiro de 2016, “a estimativa de inflação sugere certa persistência esse ano, refletindo a dinâmica dos preços de serviços”, afirma o documento.
Atendendo ao que determina a Lei nº 13.242, de 30 de dezembro de 2015, LDO 2016, o MP encaminhou o documento ao Congresso Nacional para apreciação da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
DOCUMENTO: http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento/noticias/governo-divulga-1o-relatorio-de-avaliacao-de-receitas-e-despesas-primarias-de-2016-1
IBGE. 02/03/2016. Índice de Preços ao Produtor de janeiro foi de 0,56%
Período |
Taxa
|
---|---|
janeiro/16
|
0,56%
|
dezembro/15
|
-0,35%
|
janeiro/15
|
-0,40%
|
Acumulado no ano
|
0,56%
|
Acumulado em 12 meses
|
9,86%
|
Em janeiro, os preços da Indústria Geral variaram, em média, 0,56% comparados a dezembro, variação acima da observada entre dezembro e novembro (-0,35%). Em 12 meses, o IPP da Indústria acumula 9,86%. Entre as 24 atividades investigadas, 17 apresentaram variações positivas de preços, contra 13 no mês anterior. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) mede a evolução dos preços de produtos 'na porta de fábrica', sem impostos e fretes.
Tabela 1
Índices de Preços ao Produtor, segundo Indústria Geral e Seções
Últimos três meses
Índices de Preços ao Produtor, segundo Indústria Geral e Seções
Últimos três meses
Indústria Geral e Seções | Variação (%) | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
M/M-1 | Acumulado Ano | M/M-12 | |||||||
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
|
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
|
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
| |
Indústria Geral |
-0,42
|
-0,35
|
0,56
|
9,20
|
8,81
|
0,56
|
9,40
|
8,81
|
9,86
|
B - Indústrias Extrativas |
-10,08
|
-6,07
|
-14,42
|
-3,48
|
-9,33
|
-14,42
|
-13,50
|
-9,33
|
-11,08
|
C - Indústrias de Transformação |
-0,10
|
-0,18
|
0,99
|
9,63
|
9,43
|
0,99
|
10,28
|
9,43
|
10,49
|
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.
As quatro maiores variações foram nas seguintes atividades: Indústrias extrativas
(-14,42%), fumo (4,77%), outros equipamentos de transporte (3,74%) e produtos de metal (3,35%). As maiores influências vieram de Indústrias extrativas (-0,40 p.p.), alimentos (0,33 p.p.), veículos automotores (0,23 p.p.) e metalurgia (0,12 p.p.).
Já em relação a janeiro de 2015, a variação de preços foi de 9,86%, contra 8,81% em dezembro de 2015. As quatro maiores variações de preços ocorreram em outros equipamentos de transporte (36,79%), fumo (34,85%), papel e celulose (22,75%) e alimentos (16,47%). Os setores de maior influência foram: alimentos (3,14 p.p.), outros produtos químicos (1,38 p.p.), outros equipamentos de transporte (0,79 p.p.) e veículos automotores (0,78 p.p.).
Entre as Grandes Categorias Econômicas, ainda em relação a dezembro/15 as variações foram: 2,36% em bens de capital; 0,11% em bens intermediários; e 0,86% em bens de consumo, sendo que 1,43% foi a variação observada em bens de consumo duráveis e 0,68% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Tabela 4
Índices de Preços ao Produtor, segundo Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas
Últimos três meses
Índices de Preços ao Produtor, segundo Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas
Últimos três meses
Indústria Geral e Seções | Variação (%) | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
M/M-1 | Acumulado Ano | M/M-12 | |||||||
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
|
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
|
Nov/15
|
Dez/15
|
Jan/16
| |
Indústria Geral |
-0,42
|
-0,35
|
0,56
|
9,20
|
8,81
|
0,56
|
9,40
|
8,81
|
9,86
|
Bens de Capital (BK) |
-0,26
|
0,05
|
2,36
|
12,32
|
12,38
|
2,36
|
14,15
|
12,38
|
14,22
|
Bens Intermediários (BI) |
-0,98
|
-0,85
|
0,11
|
9,21
|
8,29
|
0,11
|
8,81
|
8,29
|
9,67
|
Bens de consumo(BC) |
0,48
|
0,37
|
0,86
|
8,41
|
8,81
|
0,86
|
9,23
|
8,81
|
9,12
|
Bens de consumo duráveis (BCD) |
-0,17
|
0,29
|
1,43
|
5,80
|
6,12
|
1,43
|
6,13
|
6,12
|
5,93
|
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) |
0,69
|
0,39
|
0,68
|
9,23
|
9,66
|
0,68
|
10,21
|
9,66
|
10,14
|
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.
Já a influência das Grandes Categorias Econômicas foi a seguinte: 0,21 p.p. de bens de capital, 0,06 p.p. de bens intermediários e 0,30 p.p. de bens de consumo. No caso de bens de consumo, 0,18 p.p. se deveu às variações de preços observadas nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis e 0,12 p.p. nos bens de consumo duráveis.
Em 12 meses, a variação de preços da indústria alcançou 9,86%, com as seguintes variações: bens de capital, 14,22% (1,21 p.p.); bens intermediários, 9,67% (5,47 p.p.); e bens de consumo, 9,12% (3,18 p.p.), sendo que a influência de 'bens de consumo duráveis' foi de 0,50 p.p. e a de 'bens de consumo semiduráveis e não duráveis' de 2,68 p.p.
A seguir são analisados os setores que, em janeiro 2016, encontravam-se entre os quatro principais destaques em maiores variações de preços e/ou maiores influências.
Indústrias extrativas: em janeiro, em relação a dezembro, o setor teve queda em seus preços pelo terceiro mês seguido. A variação negativa (- 14,42%) foi a maior entre os setores da indústria, motivada pelos baixos preços das commodities no mercado internacional. Dessa atividade também veio a influência negativa mais intensa (- 0,40 p.p.).
Todos os produtos da atividade influenciaram negativamente a variação mensal dos preços. Em ordem decrescente de influência observaram-se: 'minérios de ferro', 'óleos brutos de petróleo', 'minérios de cobre em bruto ou beneficiados' e 'gás natural'.
A variação acumulada nos últimos 12 meses foi de - 11,08%. Com exceção de 'gás natural', os demais produtos deste indicador apresentaram queda de preços no período.
Alimentos: em janeiro de 2016, a variação média de preços do setor, na comparação com dezembro de 2015, foi de 1,63%, resultado maior do que os observados em novembro e dezembro (que foram menores que 1%), porém menor do que os observados de agosto (1,94%) a setembro (5,47%). Com esse resultado, a variação observada entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016 foi de 16,46%, maior resultado desde agosto de 2012 (17,85%).
Em relação ao mês anterior, os destaques em termos de variação e em termos de influência não apresentam nenhuma interseção, sendo que os produtos destacados pela variação não constam entre os de maior peso no cálculo do setor, e dois deles ('manteiga de cacau' e 'leite condensado') tiveram variação negativa de preços. Já na influência, dois produtos ('resíduos da extração de soja' e 'açúcar cristal') estão entre os de maior peso no cálculo, tendo influência, como os dois outros ('óleo de soja em bruto, mesmo degomado' e 'óleo de soja refinado'), positiva. A influência destes quatro produtos foi de 0,80 p.p., em 1,63%. O aumento dos derivados de soja está em linha com a depreciação cambial (em janeiro, contra dezembro, foi da ordem de 4,7% e, janeiro de 2016 contra janeiro de 2015, de 54,0%). No caso do açúcar, ao lado de uma oferta mundial menor, no Brasil o quadro se intensifica pela maior produção de álcool (em detrimento do açúcar).
'Açúcar cristal', os óleos derivados da soja e 'suco concentrado de laranja' são os produtos mais influentes no acumulado em 12 meses e, nesse caso, valem as observações anteriores (de depreciação cambial e do viés na produção de álcool a partir da cana-de-açúcar).
Outros produtos químicos: a variação negativa de 0,51% (terceira variação negativa seguida) quebra uma série anterior de variações positivas de preços de cinco meses, o que gerou uma variação acumulada nos preços em 12 meses igual a 13,42%.
As principais variações ocorreram em produtos que não apresentam o maior peso, o que não ocorre entre os de maior influência, onde três dos produtos em destaque estão nesta categoria: 'adubos ou fertilizantes à base de NPK' e 'polipropileno (PP)' com resultados negativos e 'etileno (eteno) não-saturado' com resultado positivo. Acompanhando este grupo tem-se 'sulfato de amônio ou uréia', com variação negativa de preços suficiente para colocá-lo entre os que mais influenciaram os resultados em relação ao mês imediatamente anterior. Os quatro produtos de maior influência nessa comparação representaram - 0,62 p.p. no resultado de – 0,51%, ou seja, os demais 28 produtos contribuíram com 0,11 p.p.
Metalurgia: de dezembro para janeiro houve uma variação positiva de preços de 1,69%, após dois meses de queda de preços. Desta forma, mesmo com o resultado positivo no mês, o setor acumulou nos últimos 12 meses uma variação negativa de preços de 0,70% (terceiro resultado negativo seguido neste tipo de comparação).
Em relação aos produtos com maiores variações de preços apenas 'alumínio não ligado em formas brutas' faz parte do grupo de produtos que apresentam o maior peso de cálculo, comportamento contrário aos que mais influenciaram o resultado do mês, onde três dos produtos em destaque estão nesta categoria, desta forma, além do já mencionado produto, também aparecem 'bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos' e 'lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono'. O único produto que não está entre os de maior contribuição, mas com influência significativa, é 'ligas de alumínio em formas brutas'. Todos os quatro produtos de maior influência no mês contra o mês imediatamente anterior tiveram variações positivas de preços.
Entre os 22 produtos investigados, os quatro em destaque na análise de influências em relação ao mês anterior representam 2,01 p.p. da variação no mês (1,69%).
Quanto às principais influências no acumulado nos últimos 12 meses, dois produtos tiveram variações positivas, 'lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono' e 'ligas de alumínio em formas brutas', contra dois com influência negativa 'bobinas a frio de aços ao carbono, não revestidos' e 'bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos'.
Uma informação interessante é que, em dezembro de 2009, início da divulgação do IPP, o grupo de produtos ligados aos materiais não ferrosos representava 23,2% contra 76,8% dos produtos ligados ao aço, uma relação que demonstrava que, na metalurgia, a parte relativa ao aço tinha um peso de mais de três vezes em relação ao do grupo não ferroso e, hoje, esta relação está próxima de dois.
Veículos automotores: a variação de dezembro para janeiro (2,14%) é a maior da série. Entre os produtos com variação em destaque, dois ('caminhão-trator para reboques e semireboques' e 'caminhão diesel com capacidade superior a 5t') figuram entre os de maior peso e também entre os de maior influência - junto de 'automóveis para passageiros, a gasolina, álcool ou bicombustível, de qualquer potência' e 'peças para motor de veículos automotores'. Os quatro produtos (os de maior peso) tiveram influência de 1,81 p.p..
O peso de 'automóveis para passageiros, a gasolina, álcool ou bicombustível, de qualquer potência' é bem maior que os demais (quase 50%), logo, um aumento de menor intensidade neste produto tem influência grande, o que aconteceu em janeiro. Por outro lado, vale dizer que produtos como 'caminhão-trator para reboques e semireboques' têm espaço no mercado internacional, o que faz com que a depreciação cambial aumente seus preços em real.
Outros equipamentos de transporte: em janeiro os preços do setor tiveram variação positiva de 3,74% na comparação com o mês anterior (terceira maior variação das indústrias extrativas e de transformação, neste indicador). Novamente, o resultado do mês se deve principalmente aos maiores preços de 'aviões de peso superior a 2.000 kg' que, cotados em moeda internacional, refletiram a depreciação cambial (R$/US$) no mês.
Em relação a janeiro de 2015, o setor apresentou a maior variação de preços dentre as atividades investigadas (36,79%) exercendo, assim, a terceira maior influência no acumulado em 12 meses e acompanhando a trajetória de variação cambial.
DOCUMENTO: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=3110
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