I - Operações de crédito do sistema financeiro
O saldo das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$3.184 bilhões em fevereiro, com retração de 0,5% no mês e elevação de 5,3% em doze meses (ante variações respectivas de -0,6% e 6,2% em janeiro). A variação mensal refletiu, principalmente, o declínio de 0,9% no crédito a pessoas jurídicas, que atingiu R$1.668 bilhões, enquanto as operações com famílias, que totalizaram R$1.516 bilhões, cresceram 0,1%. A relação crédito/PIB recuou de 54,0% para 53,6% (52,9% em fevereiro de 2015).
O crédito com recursos livres situou-se em R$1.605 bilhões, com retração de 0,6% no mês e aumento de 2,6% em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas declinou 1% no mês, somando R$803 bilhões, destacando-se recuos em capital de giro e desconto de duplicatas. O segmento de pessoas físicas declinou 0,3% no mês, para R$802 bilhões, com contração de 3,4% no saldo de cartão de crédito à vista.
O crédito direcionado totalizou R$1.580 bilhões em fevereiro, com redução de 0,3% no mês e expansão de 8,2% em doze meses. A variação mensal foi determinada pela carteira de pessoas jurídicas, saldo de R$865 bilhões (-0,9%), destacando-se a redução de 1% nos financiamentos para investimentos do BNDES, parcialmente influenciada pela apreciação cambial do período. O saldo referente a pessoas físicas aumentou 0,5%, para R$714 bilhões, refletindo crescimentos de 0,5% nos financiamentos imobiliários e de 0,4% no crédito rural.
Na segmentação do crédito por atividade econômica as retrações mais significativas ocorreram nos segmentos de indústria de transformação (-1,3%, saldo de R$458 bilhões), comércio (-1,7%, R$291 bilhões), outros serviços (-1,4%, R$203 bilhões) e transportes (-0,8%, R$168 bilhões).
Consideradas as operações acima de R$1 mil, os saldos das operações de crédito por região, recuaram 0,5% no Sudeste (R$1.715 bilhões), 0,5% no Norte (R$118 bilhões), 0,4% no Sul (R$552 bilhões), 0,4% no Nordeste (R$403 bilhões) e 0,3% no Centro-Oeste (R$330 bilhões).
I.1 - Taxas de juros e inadimplência
A taxa média de juros do crédito do sistema financeiro, incluindo operações com recursos livres e direcionados, situou-se em 31,8% a.a. em fevereiro, mantendo trajetória de crescimento, com elevações de 0,4 p.p. no mês e de 6,1 p.p. em doze meses. O custo médio atingiu 50,6% a.a. no crédito livre (+1 p.p. no mês e +10 p.p. em doze meses) e 10,7% a.a. no crédito direcionado (-0,3 p.p. e + 2,4 p.p.).
A taxa média de juros alcançou 39,9% a.a. no segmento de pessoas físicas, com elevações de 0,7 p.p. no mês e de 7 p.p. em doze meses. No mês, registrou-se alta de 1,6 p.p. nas contratações com recursos livres, taxa média de 68% a.a. (cartão de crédito rotativo, +8 p.p.; crédito renegociado, +6 p.p.; crédito pessoal não consignado, +4,3 p.p) e declínio de 0,2 p.p. no crédito direcionado, taxa média de 9,7% a.a (financiamentos imobiliários: -0,3 p.p.).
No segmento de pessoas jurídicas, a taxa média de juros atingiu 22,7% a.a., declínio de 0,1 p.p. no mês e expansão de 4,6 p.p. em doze meses. No mês, a taxa aumentou 0,2 p.p. nas contratações com recursos livres, para 31,9% a.a. (cheque especial, +4,7 p.p.; desconto de duplicatas, +2 p.p.) e declinou 0,5 p.p. no crédito direcionado, para 11,8% a.a. (financiamentos para investimentos do BNDES: -0,6 p.p).
O spread bancário referente às operações com recursos livres e direcionados situou-se em 20,8 p.p. em fevereiro, com aumentos de 0,7 p.p. no mês e 4,1 p.p. em doze meses. O avanço mensal repercutiu a elevação de 1,5 p.p., para 35,8 p.p., nas operações com recursos livres. No crédito direcionado, o spread contraiu 0,2 p.p., para 4 p.p. O indicador situou-se em 28,8 p.p. no segmento de famílias e em 11,8 p.p. no de empresas, com aumentos respectivos de 1 p.p. e 0,2 p.p. no mês.
A taxa de inadimplência das operações de crédito do sistema financeiro, que corresponde à participação dos saldos com atrasos superiores a noventa dias, atingiu 3,5% em fevereiro, registrando estabilidade no mês e expansão de 0,7 p.p. em doze meses. A inadimplência no segmento de pessoas físicas manteve-se em 4,3 p.p., enquanto, no de pessoas jurídicas, elevou-se 0,1 p.p., para 2,8 p.p. No total das operações com recursos livres, o indicador permaneceu em 5,5 p.p., enquanto, no crédito direcionado, aumentou 0,1 p.p., situando-se em 1,5 p.p.
II - Evolução dos agregados monetários
A média dos saldos diários da base monetária somou R$244,3 bilhões em fevereiro, ao registrar retração no mês de 2,9% e crescimento de 1% em doze meses. A variação mensal refletiu decréscimos de 7,4% nas reservas bancárias e de 2,1% no papel-moeda emitido.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, destacaram-se os ajustes nas operações com derivativos, com impacto contracionista de R$11,8 bilhões, e as operações com títulos públicos federais, que apresentaram expansão de R$18,8 bilhões, a partir de compras líquidas de R$56,6 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$37,8 bilhões, no mercado primário.
O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) alcançou R$310,3 bilhões em fevereiro, com recuo mensal de 2,6%, decorrente das quedas de 2,1% no papel-moeda em poder do público e de 3,3% nos depósitos à vista. Em doze meses, o M1 retraiu 3,7%. O saldo dos meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, declinou 0,1% em fevereiro, atingindo R$2,2 trilhões. Esse resultado foi determinado pelas retrações de 0,9% no M1, de 0,2% nos depósitos de poupança, cujo saldo atingiu R$649,5 bilhões, e pelo aumento de 0,2% nos títulos privados, que totalizaram R$1,3 trilhão. No mês, ocorreram resgates líquidos de R$6,6 bilhões nos depósitos de poupança e de R$4,2 bilhões em depósitos a prazo.
O M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, expandiu-se 1,1% no mês, somando R$4,8 trilhões, reflexo do crescimento de 1,8% no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que atingiu R$2,3 trilhões. As operações compromissadas com títulos federais expandiram-se 5,9% na comparação com o mês anterior. O M4, que agrega o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, registrou expansão de 0,7% em fevereiro e de 11% nos últimos doze meses, totalizando R$5,6 trilhões.
DOCUMENTO: http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM
MF. 29/03/2016. Queda de receitas administradas impacta resultado fiscal de fevereiro. Benefícios previdenciários também contribuíram para déficit primário de R$ 25 bilhões.
O Governo Central apresentou em fevereiro deste ano um déficit primário de R$ 25,07 bilhões, valor 237,4% maior que o de R$ 7,43 bilhões de igual mês do ano passado. No acumulado do primeiro bimestre do ano, as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social ficaram negativas em R$ 10,27 bilhões, frente ao superávit de R$ 2,98 bilhões registrado nos dois primeiros meses de 2015.
O secretário do Tesouro Nacional, Otavio Ladeira, disse que fevereiro é um mês sazonalmente fraco em termos fiscais, o que explica parte do resultado negativo. “Mas em particular neste mês de fevereiro o número foi bem menor em comparação com o observado em 2015”, afirmou ele.
A razão para isso, destacou Ladeira, está na queda de R$ 9,2 bilhões de receitas administradas, no aumento de R$ 3,8 bilhões de pagamentos de abono e seguro desemprego – cujo cronograma de desembolsos foi alterado do segundo semestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano – e no crescimento de R$ 2,0 bilhões do pagamento de benefícios previdenciários. Juntos, esses três itens apresentaram um impacto de R$ 15 bilhões sobre o resultado fiscal de fevereiro.
“Os benefícios previdenciários são uma despesa que vem crescendo fortemente, acompanhada de uma queda na arrecadação. Isso faz com que o déficit previdenciário aumente bastante”, comentou Ladeira. Não à toa, destacou ele, a reforma da Previdência é uma das bandeiras mais importantes defendidas pelo Ministério da Fazenda.
Ladeira, no entanto, chamou mais atenção para a queda generalizada das receitas. Impactadas diretamente pela deterioração da economia, as receitas administradas pela Receita Federal recuaram quase R$ 14 bilhões, em termos reais, entre o primeiro bimestre de 2015 e igual intervalo deste ano, para R$ 145,4 bilhões. “IPI, Imposto de Renda, PIS/Cofins, todos os tributos relacionados à atividade econômica estão sentindo mais fortemente que os outros essa queda”, disse o secretário.
Segundo ele, o impacto da economia sobre a arrecadação foi o que mais surpreendeu o Tesouro em janeiro e fevereiro. “Por isso, houve a necessidade de fazer um contingenciamento de R$ 21 bilhões. A receita, em particular a administrada pela RFB, está com um desempenho abaixo das nossas expectativas e isso é bem visível no nossos relatórios bimestrais”, afirmou.
As receitas não administradas aumentaram em pouco mais de R$ 8 bilhões entre os dois períodos, atingindo R$ 31,29 bilhões, mas essa conta foi positivamente influenciada pela entrada de R$ 11,2 bilhões, em janeiro, do volume arrecadado com a concessão de hidrelétricas. De acordo com o secretário, olhando apenas para fevereiro, o que exclui esse efeito, as receitas não administradas pela RFB diminuíram 6,6% em termos reais na comparação com fevereiro do ano passado e as receitas administradas recuaram 14,6%. Os benefícios previdenciários, em contrapartida, aumentaram 5,5%.
Do lado das despesas, houve uma queda real de 10,1% das despesas discricionárias no bimestre, para R$ 43,1 bilhões. A rubrica “outras despesas obrigatórias”, ao contrário, aumentou 47,3%, para R$ 44,1 bilhões no primeiro bimestre de 2016. “Houve o pagamento de subsídios e subvenções financeiras em janeiro deste ano, o que impactou fortemente essa conta”, disse Ladeira.
O secretário reiterou que a meta fiscal para o Governo Central continua sendo de superávit de R$ 24 bilhões para este ano. “É com esse limite que trabalharemos até que seja aprovada a nova proposta encaminhada ao Congresso”, disse Ladeira, referindo-se ao pedido de revisão da meta para um saldo positivo de R$ 2,8 bilhões encaminhado ao Congresso Nacional. “O conjunto da legislação não deixa dúvidas quanto à forma de proceder. Faz-se o contingenciamento na medida necessária”, acrescentou ele.
Ladeira apontou que o projeto de lei encaminhado ao Congresso traz ainda uma preocupação com a possibilidade de frustração de receitas tributárias e não tributárias no curto prazo. No médio prazo, segundo ele, a proposta contempla elementos adicionais para um ajuste fiscal que vai além da redução de despesas discricionárias. “Todo o ajuste fiscal hoje fica limitado à despesa discricionária. Depois dos contingenciamentos realizados, essa despesa foi levada para um nível em que o ajuste fica cada vez mais complexo. Não por outro motivo, o ajuste enviado ao Congresso foca em despesas obrigatórias”, disse ele.
Segundo Ladeira, no dia 15 de abril será enviado o Projeto de LDO de 2017, do qual constarão novas estimativas de receitas, despesas, resultados primário e nominal e dívidas bruta e líquida para os próximos anos.
DOCUMENTO: http://189.9.129.173/noticias/2016/marco/200bqueda-de-receitas-administradas-impacta-resultado-fiscal-de-fevereiro
FGV. IBRE. 29/03/2016. Confiança do Consumidor registra queda em março
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC)¹ da Fundação Getulio Vargas caiu 1,4 pontos em março de 2016, atingindo 67,1 pontos. Após duas altas consecutivas, o índice volta a cair, influenciado pela piora da percepção em relação à situação atual.
"Após ensaiar uma recuperação, a confiança do consumidor voltou a cair em março. Desta vez influenciada por um movimento de piora das finanças familiares que pode estar diretamente relacionado às dificuldades que o consumidor vem enfrentando para equilibrar o orçamento doméstico, recorrendo muitas vezes a novos endividamentos ou ao uso de poupança para cobrir gastos correntes". afirma Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora da Sondagem do Consumidor.
A queda do ICC em março foi influenciada principalmente pela piora nas avaliações dos consumidores sobre a situação atual. O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 2,8 pontos, atingindo 66,3 pontos, novo mínimo histório. O Índice de Expectativas (IE) recuou 0,4 pontos, atingindo 69,0 pontos.
O quesito que mede o grau da satisfação dos consumidores com a situação financeira da família foi o que mais contribuiu para a queda do ICC em março. O indicador, que vinha se recuperando nos últimos dois meses, caiu 4,7 pontos, atingindo 61,0 pontos, o menor nível da série histórica.
Com relação às perspectivas futuras, o indicador que mede o otimismo com a situação financeira das famílias para os próximos meses recuou 1,2 ponto, de 76,1 para 74,9 pontos, uma acomodação das expectativas após o avanço de 5,9 pontos em fevereiro.
Na análise por classes de renda, houve acomodação da confiança das famílias com renda mensal até R$ 2.100. Após avançar 6,1 pontos em fevereiro, o ICC caiu 7,1 pontos em março, atingindo 65,8 pontos, o menor nível da série. O grau de satisfação dos consumidores de menor poder aquisitivo com a situação financeira da família, chegou ao menor nível da série histórica.
DOCUMENTO: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880972283E1AA0122841CE9191DD3&lumItemId=8A7C82C5519A54780153C1ECF1771444
FGV. IBRE. 29/03/2016. Confiança do Comércio recua no mês
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) da Fundação Getulio Vargas recuou 1,7 pontos em março de 2016, atingindo 67,1 pontos, quarto menor valor da série iniciada em março de 2010 (73 observações). Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 0,7 ponto, na terceira alta consecutiva.
O resultado confirma a relativa estabilização, desde outubro passado, da confiança do Comércio. “O setor continua encontrando dificuldade para evitar a contínua queda das vendas e das margens de lucro. Além do ambiente econômico desfavorável, o aumento da incerteza no ambiente político contribuiu negativamente para a queda do ICOM em março”, afirma Aloisio Campelo Jr., Superintendente Adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/IBRE.
A queda do ICOM em março ocorreu nos dois horizontes de tempo da pesquisa. O Índice da Situação Atual (ISA-COM), que retrata a percepção dos empresários em relação ao momento atual, recuou 1,2 ponto, registrando 62,3 pontos, o quarto menor valor da série. A piora do ISA-COM ocorreu através do quesito que mede o grau de satisfação com o volume de demanda atual, que caiu 6,5 pontos em março.
O Índice de Expectativas (IE-COM), que retrata as expectativas em relação aos próximos meses caiu 2,0 pontos, chegando a 73,3 pontos. A maior contribuição para a queda do IE-COM foi dada pelo indicador que capta o grau de otimismo com as vendas nos três meses seguintes, que recuou 2,5 pontos em relação ao mês anterior.
DOCUMENTO: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880972283E1AA0122841CE9191DD3&lumItemId=8A7C82C5519A54780153C1F2BDAE2D96
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LGCJ.: