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July 30, 2015

BACEN. 29/07/2015. Copom eleva a taxa Selic para 14,25% ao ano.

Brasília – Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 14,25% a.a., sem viés.

O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso e Sidnei Corrêa Marques.


PORTAL G1. 29/07/2015. BC sobe juro para 14,25% ao ano e indica manutenção no futuro
Inflação está pressionada por tarifas e dólar alto, apesar de atividade fraca. Após polêmica com Serra, diretor do BC opta por não participar da reunião.
Alexandro Martello
Do G1, em Brasília

29/07/2015 21h04 - Atualizado em 29/07/2015 21h59

Copom taxa de juros Selic 14,25% (Foto: Editoria de Arte/G1)

Os juros básicos da economia brasileira subiram de 13,75% para 14,25% ao ano, um novo aumento de 0,50 ponto percentual, segundo decisão tomada nesta quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Foi a sétima elevação seguida da taxa Selic, que atingiu o maior patamar desde julho de 2006, ou seja, em nove anos - quando estava em 14,75% ao ano.
Ao mesmo tempo, a autoridade monetária também indicou que os juros devem permanecer neste patamar nos próximos meses. "O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016", informou a instituição, em comunicado à imprensa.
Com uma taxa mais alta de juros, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo, atuando assim para segurar a inflação, que tem mostrado resistência neste ano. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros elevados prejudicam o nível de atividade da economia brasileira e, também, a geração de empregos.
Um dos diretores optou por não participar da reunião
A reunião do Copom deste mês foi marcada por uma polêmica. O diretor de Assuntos Interncionais do Banco Central, Tony Volpon, optou por não participar do encontro após ter declarado, na semana passada, em evento em São Paulo, que votaria pelo aumento dos juros até que a projeção de inflação da autoridade monetária estivesse "de maneira satisfatória apontando para o centro da meta".
A declaração de Volpon foi criticada pelo senador do PSDB, José Serra, em artigo no jornal "Folha de S.Paulo". Segundo Serra, essa análise prévia feita pelo diretor do BC subverteria o rito de definição da taxa básica de juros, que pressupõe que a taxa Selic seja definida somente no dia da reunião do Copom. O senador tucano declarou que o Copom "não é lugar para amantes da vuvuzela".
Nesta quarta-feira, o BC informou que o diretor Tony Volpon decidiu se abster de participar desta reunião do Copom “a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central do Brasil, sendo essa decisão em caráter pessoal e irretratável”, conforme justificou o diretor em comunicado dirigido ao presidente do BC antes do início da reunião.
Podem votar nas reuniões do Copom todos os oito diretores da instituição e o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, totalizando, portanto, nove votos. Os demais participantes do Copom votaram, em unanimidade, pela alta dos juros para 14,25% ao ano.
Decisão confirma expectativa do mercado
A decisão do Banco Central confirmou a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. A previsão dos analistas dos bancos, até o momento, é de que este seja o último aumento do ciclo de alta dos juros iniciado em outubro do ano passado. A estimativa é de que os juros terminem 2015 em 14,25% ao ano e que comecem a cair em janeiro do ano que vem.
O novo aumento dos juros básicos da economia acontece em um momento em que a economia ainda se ressente de um baixo nível de atividade, com o PIB encolhendo 0,2% no primeiro trimestre deste ano e o desemprego avançando para 6,9% em junho, maior taxa para o mês desde 2010, indicando uma possível recessão, mas com a inflação pressionada pelo aumento de tarifas públicas, como energia elétrica e gasolina.
Outro fator que também tem atuado para estimular a inflação neste ano é o processo de alta do dólar - que avançou cerca de 25% em 2015, até esta quarta-feira (29). Dólar mais alto barateia as exportações e torna as compras feitas no exterior (quer seja de insumos ou industrializados) mais caras - e os valores geralmente são repassados para os preços finais dos produtos importados.
Sistema de metas e possível recessão
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Em junho, a inflação oficial ficou em 0,79%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos seis primeiros meses deste ano, a inflação somou 6,17% (muito próxima do teto da meta de 6,5% para todo ano) e, em doze meses até junho, totalizou 8,89% - a maior taxa desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%
O próprio Banco Central já admite que a inflação deve estourar o teto de 6,5% do sistema de metas em 2015. A previsão da autoridade monetária é de que a inflação fique em 9% neste ano. Já o mercado prevê um IPCA de 9,23% em 2015. A autoridade monetária tem dito que trabalha para evitar a propagação da inflação neste ano e para trazer a o IPCA para o centro da meta, de 4,5%, até o final de 2016.
Do lado da atividade econômica, após a queda do PIB no primeiro trimestre, analistas acreditam na possibilidade de o país entrar em recessão, que se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração da economia. A expectativa da maior parte do mercado financeiro, em pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha retração de 1,76% em 2015 – a maior em 25 anos.
O que dizem os analistas
Adriano Gomes, sócio-diretor da Méthode Consultoria e professor de Finanças da ESPM, avaliou que, com a redução da meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) pelo governo, o processo de alta dos juros já não surte o efeito esperado de controlar a inflação.
"Para conter a inflação, tem que atuar com a política monetária [alta dos juros] e com a política fiscal [controle de gastos públicos]. Se a política fiscal não for devidamente realizada, fica uma força com vetores contrários. O resultado é praticamente uma força anulando a outra. A politica fiscal acaba não contribuindo para o controle da inflação com a revisão da meta", disse o economista.
Assim como a maior parte dos economistas dos bancos, Gomes acredita que esse será o último aumento de juros promovido pelo Banco Central.
"Não vale a pena [subir mais os juros]. Você tem uma atitude nefasta. Se por um lado você arrocha ainda mais a economia, deixa um sentimento muito mais pessimista com relação a atividade econômica e isso impacta a arrecadação do governo. Cada vez que aumentar os juros, tem que gerar mais primário para pagar as despesas de juros [da dívida pública]. Parece ser uma política que chegou ao seu esgotamento", concluiu ele.
Nesta semana, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizou manifestação em frente ao Ministério da Fazenda contra a política econômica do governo. Na ocasião, Quintino Severo, secretario de Administração e Finanças da CUT, disse que o ato também serviu para marcar posição contra a perspectiva de uma nova alta dos juros, que foi confirmada nesta quarta-feira.
"Estamos aqui para demonstrar que somos contra o aumento da taxa de juros. Estamos lutando contra isso, para que a classe trabalhadora não seja ainda mais prejudicada. Entendemos que dessa forma, o governo segue investido na especulação financeira”, afirmou o representante da CUT.
Repercussão da decisão do Copom:
Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo), em nota
“Os juros altos são um remédio inútil contra a inflação, inclusive por que os principais causadores desta são os preços administrados. Além disso, a Selic elevada contribui para o enfraquecimento da economia nacional."

Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em nota
"No atual cenário, a alta dos juros significa mais um duro golpe e uma verdadeira catástrofe para o já combalido setor produtivo, justamente em um momento que o país necessita de mais e não menos investimentos, para que a economia brasileira possa dar sinais de retomada e evitar um mergulho na recessão, com consequente fechamento de centenas de milhares de postos de trabalho. Estamos convictos de que há outros mecanismos para combater a inflação, enquanto o aumento da Selic, além de considerarmos não ser o instrumento mais eficaz, traz efeitos colaterais extremamente danosos, e talvez irreversíveis, para o setor produtivo, justamente em um momento que o país tanto necessita dar respostas para não perder as conquistas sociais obtidas ao longo dos últimos anos."

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, em nota
“Mais um aumento na taxa Selic. Mais recursos da sociedade serão transferidos para os rentistas, principalmente os bancos. Mais crédito será negado à sociedade e mais recursos serão desviados para títulos e valores mobiliários. A indústria irá produzir menos, desacelerar mais. O comércio verá novas quedas de vendas e os trabalhadores verão os seus empregos serem reduzidos. A Contraf-CUT vem alertando isso há muito tempo: este caminho duro nos levará à recessão e vai aprofundar a crise. Será que o governo não vê isso?"

Miguel Torres, presidente da Força Sindical
"A decisão é extremamente perversa com os trabalhadores. Ao subir a taxa, o Copom continua colocando uma trava no desenvolvimento e no crescimento econômico do país. A alta é um verdadeiro balde de água fria na economia, que já está praticamente estagnada.
Avaliamos que o 'custo social e econômico' do uso da Selic no controle da inflação tem se revelado ineficiente e com um custo social muito alto para o país. Infelizmente, os dados da economia são pouco animadores. E a postura conservadora, por parte do governo, vem minando qualquer esperança de sua recuperação ainda para este ano. Essa política, de se curvar aos especuladores, resulta em queda da atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego, diminui a capacidade de consumo das famílias e compromete o crescimento econômico."

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de SP
“Lamentamos a decisão do Copom de aumentar novamente a Selic, sem considerar que todos os indicadores econômicos revelam que o país já está em recessão e que essa alta somente agravará a situação das empresas e dos trabalhadores, com queda mais acentuada das vendas e aumento maior do desemprego. Além disso, a dívida pública - que já está em patamar elevado – vai aumentar. As finanças públicas também serão afetadas pela queda da arrecadação, decorrente do menor nível de atividade. Consideramos que a revisão da meta de superávit fiscal afetou negativamente as expectativas dos agentes econômicos, mas que a recessão levará à redução da taxa de inflação, conforme já sinalizam os indicadores futuros”.

Associação Paulista de Supermercados (APAS), em nota
"A decisão reflete o descompasso da política econômica do governo. Por um lado, há a tentativa de fazer ajuste fiscal, que vislumbra crescimento econômico para elevar a arrecadação. Por outro lado, compromete a retomada da atividade econômica ao elevar a taxa básica de juros. O risco é de que esta combinação de ajuste fiscal com elevação de juros possa levar a economia brasileira para um quadro de recessão. A justificativa para a elevação dos juros continua sendo a necessidade de controlar o processo inflacionário. É importante destacar que, mesmo diante do patamar anterior da Selic em 13,75%, a inflação continuou afetando o poder de compra da população, impactando diretamente no consumo das famílias. Esse fato se refletiu em desaceleração no desempenho das vendas no varejo, incluindo o setor supermercadista, que registrou um dos piores desempenhos dos últimos 7 anos. A elevação dos juros na tentativa de reduzir a inflação, por meio de uma política monetária mais restritiva, traz impactos negativos no médio e longo prazo. O custo desta política monetária contracionista tem se traduzido em uma perda do ritmo da atividade econômica, prejudicando ainda mais o crescimento econômico para 2015. A continuidade da elevação da taxa de juros irá prejudicar inclusive a atividade econômica em 2016."


PORTAL UOL. Juros sobem pela 7ª vez seguida e vão a 14,25%, maior nível em 9 anos
Do UOL, em São Paulo 29/07/2015

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 14,25% ao ano. São os maiores juros em nove anos, desde agosto de 2006, quando a taxa também estava em 14,25%. A decisão foi unânime entre os integrantes do comitê, mas houve uma abstenção.

É o sétimo aumento seguido da Selic: houve altas também nas seis reuniões anteriores do BC. Em setembro de 2014, estava em 11%. Começou a subir em outubro, quando foi para 11,25%.

set/2014: 11%
out/2014: 11,25%
dez/2014: 11,75%
jan/2015: 12,25%
mar/2015: 12,75%
abr/2015: 13,25%
jun/2015: 13,75%
jul/2015: 14,25%

BC eleva taxa de juros em 0,5 pp, para 14,25% ao ano; Volpon se abstém de reunião
Reuters 29/07/2015

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira, para 14,25 por cento ao ano, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) após reunião da qual o diretor de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, absteve-se de participar, "a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem" do BC.

Em uma mudança de tom, o Copom informou no comunicado que a decisão foi tomada "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos" e que entende que "a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016".

Nesta reunião, Volpon decidiu se abster de participar "a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central do Brasil, sendo essa decisão em caráter pessoal e irretratável", segundo comunicado do BC.

Em pesquisa da Reuters, 42 dos 55 analistas consultados projetavam alta de 0,50 ponto percentual na Selic, com o restante vendo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa.

Este foi o sétimo aumento seguido na Selic desde o início do atual ciclo de aperto, em outubro, repetindo a dose de alta em 0,5 ponto percentual pela sexta vez seguida. Com isso, a taxa volta para o maior nível desde agosto de 2006, de 14,25 por cento.

(Por Marcela Ayres)

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